Retomada

Financiamento de veículos e cartão de crédito voltam a patamar pré-crise

Saldo da modalidade de cartão à vista supera R$ 200 bilhões pela primeira vez desde fevereiro, o que mostra recuperação no consumo. Na aquisição de veículos, saldo é o maior da série histórica

Alguns dados de crédito apontam para uma retomada da normalidade no consumo das famílias brasileiras. Segundo divulgou o Banco Central (BC), nesta sexta-feira (27/11), as compras com cartão de crédito à vista aumentaram 5,5% em outubro, com as concessões somando R$ 93,7 bilhões ante R$ 88,9 bilhões em setembro, quase o mesmo patamar de janeiro, antes da pandemia, quando as concessões foram de R$ 84,4 bilhões. O saldo da modalidade passou dos R$ 200 bilhões pela primeira vez desde fevereiro, sendo que o piso, no auge da crise, em maio, foi de R$ 161,5 bilhões. 

Fernando Rocha, chefe do Departamento de Estatística do BC, explicou que as operações com cartão de crédito à vista, em geral, são aquelas que o consumidor faz para despesa do mês, como supermercado. "Mas também deve estar aumentando por conta das compras virtuais, que são uma fração cada vez maior da despesa total. Há uma recuperação consistente mês a mês", pontuou. A recuperação do trabalho, com mais empregos criados, também pode ter contribuído, segundo Rocha. "Se não tiver renda, não dá para fazer gasto com cartão de crédito."

“Se olhar os saldos, de fevereiro até maio, houve queda, sendo maio o mais baixo (-20%). Em seguida, houve um crescimento gradual até chegar no patamar de R$ 201,5 bilhões em outubro. A alta, de outubro a maio, é de 24,8%. Então, o crédito via cartão à vista voltou aos patamares de antes da crise”, disse. Em fevereiro, o saldo era de R$ 202 bilhões.

As concessões dos cartões, que superaram R$ 94,4 bilhões em janeiro tiveram queda de 35% até abril, quando foram de R$ 61,1 bilhões. Daquele mês até outubro, cresceram 53,4%. No mês passado, foram de R$ 93,7 bilhões. “Tanto saldo quanto concessões atingiram o mesmo patamar de antes da crise”, ressaltou Rocha.

Veículos

Nos financiamentos de veículos, o saldo já é o maior da história, segundo o BC. “Neste caso, a produção industrial fez um V muito forte, voltou muito rapidamente. Ao longo da crise, as concessões se reduziram ao piso porque as concessionárias estavam fechadas. Chegou a quase zero em abril e depois voltou, por conta da demanda reprimida”, analisou o chefe de Estatísticas do BC.

O saldo de financiamentos de veículos atingiu R$ 212,1 bilhões em outubro, o maior patamar da série histórica, com altas de 1,4% ante setembro, de 4,2% no ano e de 8,2% em 12 meses. As concessões chegaram a R$ 12,2 bilhões no mês passado, alta de 2,6% sobre setembro. “Nos dois casos, cartão e veículos, há um viés de volta à normalidade”, concluiu Fernando Rocha.