Mercado

Ibovespa dispara 2,30% e supera os 111 mil pontos

Resultado é reflexo do otimismo internacional com vacinas e recuperação da atividade industrial na China e Europa. Dólar leva tombo e vai a R$ 5,22

Israel Medeiros*
postado em 01/12/2020 20:54
 (crédito: Miguel Schingariol / AFP)
(crédito: Miguel Schingariol / AFP)

A Bolsa brasileira voltou a registrar uma forte alta nesta terça-feira (1º/12). O principal índice da B3, o Ibovespa, disparou 2,30% e ultrapassou novamente os 111 mil pontos — feito que havia conseguido no último dia 27, após mais de 8 meses operando abaixo dos 110 mil pontos. O dólar comercial, por sua vez, caiu 2,21% vendido a R$ 5,22.

No início do dia, a moeda americana era vendida a R$ 5,32. O otimismo veio de fora, com resultados positivos da industrial (PMI) da China no mês de novembro, que foi de 54,9 pontos — acima do esperado, que era 53,5. Foi o melhor resultado para o mês dos últimos dez anos. Vale lembrar que quando a pontuação é acima de 50, isso indica aquecimento.

Outro fator importante são as notícias de avanços na produção de vacinas, com a solicitação da americana Pfizer e da alemã BioNTech para utilização de seu imunizante em caráter emergencial na Europa. Simone Pasianotto, economista-chefe da Reag Investimentos, lembra que o índice industrial também foi positivo na Europa, o que, junto às notícias de vacinas, deixou os investidores otimistas. "Animou os investidores, assim como as notícias de vacinas. A Moderna pediu a liberação da sua vacina nos Estados Unidos; a Pfizer e BioNTech anunciaram solicitação para a UE para utilização emergencial. Então essa movimentação positiva na Bolsa brasileira foi muito mais por causa dos fatores externos", explicou.

Economia nos EUA

No cenário externo, outra notícia importante foi o anúncio da equipe econômica do presidente eleito dos EUA, Joe Biden. Os nomes já são conhecidos no mercado — como é o caso de Janet Yellen, ex-presidente do Banco Central americano, o Federal Reserve —, e apontam para uma política voltada para empregos e estímulos econômicos. "Investidores viram bem a futura equipe do Biden. Janet Yellen é super bem aceita. Além disso, tem a antigo auxiliar sênior da Hillary Clinton, Neera Tanden, para a diretoria de orçamento; Wally Adeyemo, presidente da fundação Obama, será do Tesouro. São nomes fortes", pontuou a economista. Na bolsa de Nova York, os índices Dow Jones e S&P 500 renovaram as máximas históricas intraday.

Nesta terça-feira, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) revisou a previsão para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2020. Em setembro, a OCDE previa queda de 6,5%. Desta vez, a previsão foi de recuo de 6%. Já a expectativa para 2021 piorou. A expectativa de crescimento de 3,6% no próximo ano deu lugar a uma estimativa de 2,6% de alta.

Pasianotto comenta que a OCDE tem observado os problemas fiscais do Brasil — considerado um grande problema por especialistas. "Consideram muito a questão fiscal, que é nosso calcanhar de Aquiles. Eles consideram isso crítico para o crescimento econômico do ano que vem. E é factível isso. Um PIB acima de 3,5% para o ano que vem é muito otimista. Já uma previsão de 2,6% faz sentido. Para este ano, acho que a gente fecha com algo melhor que -6%. Os modelos utilizados para as previsões deles são bastante padronizados e não se adaptam à nossa realidade. Então pode haver uma diferença", afirmou.

Já Rafael Ribeiro, da Clear Corretora, acredita que, no cenário doméstico, alguns fatos também foram relevantes para o desempenho da Bolsa. "Por aqui, a grande surpresa do dia, e que realmente fez preço, foi a fala do Presidente Jair Bolsonaro ao sinalizar que o governo não pretende estender o auxílio emergencial, o que acaba aliviando o estresse do mercado quanto ao rumo do fiscal", comentou.

Segundo Ribeiro, o alívio pode ser visto na curva de juros, que "derreteu hoje e devolveu parte do prêmio que está implícito em vista do risco do fiscal". Além disso, há expectativas sobre a reforma tributária, após uma fala favorável do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia. "Ele afirmou que a reforma tributária tem cerca de 320 votos e pode ser aprovada até o final do ano mesmo sem o apoio do governo. Essa foi outra fala importante", disse.

*Estagiário sob a supervisão de Carlos Alexandre de Souza 

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