Na última vez que o Ibovespa esteve acima de 112 mil pontos, o Brasil nem sequer havia confirmado o primeiro caso de covid-19. De fevereiro pra cá, o principal índice da bolsa de valores brasileira levou uma baita queda até o histórico patamar de 62 mil pontos, em março, e viu sua recuperação de forma gradual, mas consistente. Nesta quarta-feira (2), o índice voltou a superar os 112 mil pontos ao longo do dia e fechou o pregão em 111.878 pontos, com alta de 0,43%.
Isso pode melhorar ainda mais em 2021. É o que diz o Bank of America, que projeta a bolsa paulista em um patamar de 130 mil pontos no próximo ano, possivelmente puxado por commodities, energia e bancos. A expectativa do banco é que as taxas de juros baixas por tempo elevado e a elevação dos preços das commodities poderão elevar o patamar do Ibovespa.
Enquanto isso não ocorre, as ações da Petrobras se valorizam, diante de um cenário de queda de estoques de petróleo nos EUA, o que contribuiu para o desempenho da bolsa nesta quarta. Além disso, novidades sobre privatizações no setor elétrico (Eletrobras) e logístico (Correios) também deram o tom no mercado. É o que explica Bruno Madruga, sócio e head de renda variável da Monte Bravo Investimentos.
"O que chamou a atenção, principalmente, foi o calendário para a privatização da Eletrobras, isso é bem importante. As ações ordinárias subiram e as preferenciais também. Isso deu um tom positivo para o mercado. No caso do Petróleo, além dos estoques nos EUA, diversas casas de análise colocaram as ações da Petrobras nos tops para dezembro", diz ele.
Reino Unido
Na Europa, as bolsas da Inglaterra fecharam positivas após um dia importante no combate à covid-19: o Reino Unido anunciou que liberou a produção da vacina da americana Pfizer e começará a vacinar a população em massa já na próxima semana. Mas esse otimismo não foi generalizado no continente. Isso porque, segundo Madruga, a Alemanha aumentou as restrições para tentar conter o avanço do vírus.
Já o dólar, nesta quarta, fechou em alta de 0,26%, vendido a R$ 5,24, o que pode indicar um retorno mais expressivo do capital estrangeiro ao país. Vale lembrar que, quando os riscos aumentam, dólar e ouro são considerados ativos de segurança. Quando a instabilidade diminui, investidores desfazem suas posições de segurança e fazem apostas mais arriscadas, com bom upside (termo utilizado quando há possibilidade de crescimento e lucro).
É o caso do Brasil e de outros países emergentes — o que explica a desvalorização do dólar frente às moedas desses países. Para Bruno Madruga, há uma tendência de reentrada de investimentos estrangeiros no Brasil desde agosto. "Estamos notando uma entrada alta no mercado secundário. Em novembro bateu recordes, com ingresso de R$33,3 bilhões em novembro. Mas nos meses anteriores isso já ocorria de forma expressiva. É uma tendência", afirma.
Ele comenta, ainda, que isso não significa que o país esteja sendo privilegiado em detrimento de outros. "Os países emergentes de forma geral estão tendo isso, esse upside. O índice Ibovespa tem um percentual relevante de bancos e commodities. Então a gente viu uma valorização de ações da Petrobras. Os estrangeiros estão tendo papel importante na recuperação do Ibovespa, sem dúvidas", completa.
*Estagiário sob a supervisão de Carlos Alexandre de Souza
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