Mercado

Com a alta do PIB, Ibovespa supera os 112 mil pontos

Resultado aponta para uma recuperação da indústria, o que contribuiu para bom humor do mercado. No câmbio, dólar comercial caiu para R$ 5,13

Israel Medeiros*
postado em 03/12/2020 20:49 / atualizado em 03/12/2020 20:56
 (crédito: Divulgação/Semtran RJ)
(crédito: Divulgação/Semtran RJ)

Nesta quinta-feira (3), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística divulgou os resultados do Produto Interno Bruto (PIB) relativos ao terceiro semestre deste ano. Em relação ao trimestre anterior, houve crescimento de 7,7%. Os números, no entanto, não supriram as expectativas de analistas do mercado financeiro, que previam uma alta de cerca de 9%. No entanto, isso parece não ter abalado os ânimos na bolsa de valores (B3), onde o índice Ibovespa fechou em alta de 0,37% aos 112.291 pontos.

O dólar, por sua vez, voltou ao melhor patamar desde julho, encerrando o dia com queda de 1,94%, vendido a R$ 5,13. Renan Silva, economista da Bluemetrix Ativos, afirma que, apesar do resultado, o desempenho da indústria nos números divulgados pelo IBGE apontam para um aumento de demanda, o que é visto com positividade por investidores do mercado financeiro.

"Esse resultado do PIB ficou bastante concentrado na indústria, e isso é bom porque a indústria trabalha sob encomenda. E isso indica que a gente pode verificar uma reposição de estoques, o que daria um pouco de equilíbrio na inflação e apontaria também para um aumento na confiança do empresário", explica.

Serviços e vacina

Já no setor de serviços, lembra, o resultado depende do fluxo de pessoas. Em um contexto de agravo do desemprego e aumento de restrições por causa do aumento no número de casos de covid-19, Silva pontua que o mercado entendeu que o resultado não foi de todo ruim.

"Novamente você tem um agravamento desse problema da circulação das pessoas, então é um setor que depende mais da vacina que outros. Adicionalmente, você tem um agravamento do desemprego, renda. Com tudo vindo abaixo, o mercado entendeu que o resultado foi satisfatório. O que mostra uma recuperação, principalmente vindo da indústria. Se a indústria frustrasse, o humor seria diferente", conta.

Ele também ressalta que a perspectiva para 2021 continua no mesmo patamar. Espera-se, segundo ele, um crescimento de 3,5% no PIB. O primeiro trimestre do ano, no entanto, deve ser de cautela e resultados desanimadores, uma vez que o auxílio emergencial não deverá se estender para o próximo ano. Apesar disso, Renan destaca que os números da parte fiscal da União têm se mostrado melhores que o esperado, com a relação dívida/PIB em 91%, contra cerca de 96% previstos pelo mercado.

Já Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, deve mudar sua projeção do PIB após os resultados de hoje. "Para este ano, minha projeção era de um recuo de 5,3%. Para o ano que vem, avanço de 2,9%. A expectativa é que de fato a ociosidade da economia aumente, porque vamos ter o avanço da taxa de desemprego e isso deverá conter o avanço da atividade. Nesse cenário, a gente acaba tendo um avanço gradativo. Mas com o resultado de hoje, as expectativas pioram", afirma.

A exemplo do que defende Renan, Étore Sanchez ressalta a importância da circulação de pessoas para o setor de serviços. A geração de empregos, segundo ele, só ocorrerá após o início da vacinação. "Uma vez que a circulação volte, mais pessoas serão colocadas para dentro da força de trabalho. Mas isso não ocorrerá antes de assistirmos a um avanço do desemprego", lamenta.

*Estagiário sob a supervisão de Carlos Alexandre de Souza 

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