Após nove meses de altas e baixas, a Bolsa de Valores de São Paulo (B3) voltou ao patamar pré-pandemia. O Ibovespa retomou os 113 mil pontos no pregão de ontem, puxado pelo otimismo que tomou conta dos mercados globais diante dos primeiros calendários de vacinação contra a covid-19 e fez o investidor estrangeiro voltar a tomar risco, trazendo seus recursos de volta para o Brasil. Com isso, o dólar caiu a R$ 5,12, o menor valor desde julho.
O Ibovespa fechou aos 113.750 pontos, com alta de 1,3%, após cinco semanas consecutivas de recuperação. Em novembro, a Bolsa teve o melhor mês dos últimos anos e seguiu em alta nesta primeira semana de dezembro. Os negócios avançaram em todos os dias deste mês, puxados, sobretudo, pela volta dos investidores estrangeiros. De acordo com a B3, os estrangeiros colocaram R$ 33 bilhões no pregão em novembro e já trouxeram mais R$ 1,4 bilhão só nos dois primeiros dias de dezembro.
“Antes de novembro, havia uma situação de muito risco com a segunda onda do novo coronavírus na Europa e com as eleições dos Estados Unidos. Também havia muitos ruídos internos em relação à questão fiscal, o que deixou o investidor receoso. Mas, agora, as eleições americanas passaram e estão vindo muitas notícias positivas sobre as vacinas contra a covid-19. Isso deixou o investidor com mais apetite por risco”, explicou o gerente da Ativa Investimentos, Pedro Serra. Ontem, os negócios ainda foram beneficiados pela valorização de commodities como o petróleo e o minério de ferro, que levaram o investidor a olhar as ações de Petrobras e Vale.
Economista-chefe do Modalmais, Alvaro Bandeira acrescentou que o Brasil recebeu uma enxurrada de capital externo porque ficou mais barato do que outros países emergentes, cujos mercados já haviam se recuperado do baque da covid-19. “A desvalorização cambial foi mais violenta no Brasil, o que tornou as ações brasileiras mais atrativas para esses investidores”, comentou. Também contribuiu o fato de as discussões sobre a situação fiscal estarem em marcha lenta, aguardando a retomada das votações no Congresso, o que reduz os ruídos e a volatilidade do mercado. “No news, good news”, brincou Serra.
Dólar
A forte entrada de capital estrangeiro fez o dólar ceder e engatar a terceira semana consecutiva de queda. A moeda fechou, ontem, a R$ 5,12, no menor valor desde julho, com um recuo de 0,32% no dia e de 3,79% na semana. No ano, contudo, a divisa ainda acumula alta de 28%. Afinal, apesar da entrada recorde em novembro, o saldo do capital estrangeiro no mercado secundário ainda está negativo em R$ 50,1 bilhões no acumulado do ano.
“Com a entrada dos investidores estrangeiros, o dólar cedeu. Porém, a Bolsa já se aproximou dos níveis de fevereiro e o dólar ainda está longe dos R$ 4,30 e dos R$ 4,40 que tínhamos antes da pandemia”, frisou o diretor de câmbio da FB Capital, Fernando Bergallo.
O analista acredita que o dólar pode continuar caindo nas próximas semanas, ao sabor dos eventos internacionais. Porém, lembrou que a definição do rumo das contas públicas brasileiras em 2021 será fundamental para o comportamento dos investidores estrangeiros e do câmbio. O mercado continua esperando que o país equacione a questão fiscal para reduzir o endividamento e o deficit públicos, que explodiram neste ano por conta dos gastos emergenciais exigidos pela pandemia de covid-19.
“Nas próximas semanas, a atividade parlamentar vai determinar para que lado o câmbio vai. Vai depender da agenda das reformas e das perspectivas de equilíbrio fiscal”, disse Bergallo. “Qualquer desvio de rota, que não seja pelo ajuste da economia, vai renovar a saída dos estrangeiros”, completou Bandeira.
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