NEGÓCIOS

Receio com nova onda da covid-10 pauta cuidado com compras de Natal

Analistas sugerem cautela na hora de gastar com presentes neste fim de ano, com aumento de incertezas em relação a um novo confinamento

Jailson Sena*
Vera Batista
postado em 07/12/2020 06:00

As festas de fim de ano, principalmente, do Natal, têm um clima semelhante ao de Copa do Mundo, quando as pessoas ficam mais felizes e propensas a gastar, dizem os especialistas. E com a notícia de que o Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas do país), no terceiro trimestre do ano, cresceu 7,7% no confronto com o trimestre anterior, a euforia pode tomar conta da população, com a perspectiva de que a atividade, finalmente, esteja saindo do atoleiro. No entanto, nada ainda voltou ao normal e o momento é de cautela diante dos riscos de um novo confinamento, alerta Fabrizio Gueratto, financista do Canal 1 Bilhão.

“Vamos ser realistas. Estamos em um período de pandemia e de incertezas, apesar do resultado positivo do PIB. Lembrem-se que há perigo de novo lockdown em algumas cidades. Incerteza e gasto não combinam. Não sabemos sequer o que vai acontecer daqui a dois ou três meses”, afirma Gueratto. Para ele, diante do quadro de insegurança sobre o futuro, alguns hábitos dos consumidores precisam ser repensados.

O brasileiro deve retirar algumas lições desse período de isolamento forçado pela Covid-19 e se conscientizar que, na vida, dificilmente para a maioria o dinheiro do salário vai ter sobras, na avaliação do financista. “O dinheiro, principalmente, o que entra do 13º salário, tem de que ser dividido da seguinte forma: primeiro, separamos uma quantia para investir. Depois, recursos para pagar dívidas ou fazer frente às despesas. E somente o que sobrar é para gastar com compras e lembrancinhas”, orienta. É bom lembrar que, no início de 2021, as contas vão continuar chegando (IPTU, IPVA, mensalidades escolares, entre outras).

De acordo com o economista André Braz, coordenador do IPC da Fundação Getulio Vargas (FGV), uma parte da inflação para este Natal já está contratada e presente nos preços disponíveis nos supermercados e, portanto, a ceia será mais salgada. “Ao longo dos últimos 12 meses, os gêneros alimentícios subiram quase 18%, para famílias com renda até dois salários mínimos mensais. Perto de uma inflação média pouco acima de 4%, o percentual foi quatro vezes superior. E quanto menos uma família ganha, mais ela compromete o salário com a compra dos alimentos. Por isso, a impressão de quem ganha pouco é de que a inflação está bem mais alta”, contabiliza.

Assim, teremos um Natal apertado para todos, principalmente para a os mais pobres, de acordo com André Braz. “Vai ser um grande desafio compor a cesta de Natal. O desemprego está alto, a atividade econômica ainda não se recuperou plenamente, muitos serviços ainda estão suspensos e existe o risco de uma segunda onda de contaminação pela covid-19. Ou seja, o final de 2020 será complicado”, assinala.

Uma nova onda de contaminação e o receio com a demora na recuperação do mercado de trabalho estão no radar dos brasileiros. A assessora e moradora de Santo Antônio do Descoberto, Cristine Almeida, 39 anos, vai fazer esse ano uma confraternização mais simples. Como está recém-empregada, planejou apenas uma ceia para não deixar passar a data em branco. “Vou ficar com a minha avó e minha família. Teremos apenas comes e bebes, sem festas como era antes da pandemia”, conta.

O Natal de Aline Souza, auxiliar administrativa, 21 anos, moradora de Samambaia, também terá restrições em relação aos anos anteriores, com menos gente em casa. Ela mora com uma idosa e a parcela do 13º vai ser pequena, porque ela está trabalhando na empresa há pouco tempo. Com isso, Aline privilegiou o pagamento das dívidas e pretende comemorar em casa, somente com os parentes mais próximos. “Esse ano, sem dúvidas, vai ser bem diferente. E eu e minha família estamos tomando cuidado redobrado, desde agora, para poder comemorar tranquilamente. Ainda não sei se quem não mora com a gente vai nos visitar. Provavelmente, alguns deles vão ficar em casa”, diz.

*Estagiário sob a supervisão de Rosana Hessel

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