O Palácio do Planalto acendeu o sinal de alerta com a disparada da inflação. O temor no entorno do presidente Jair Bolsonaro é de que a carestia, que não dá trégua — os alimentos subiram quase 16% em 12 meses —, acelere o processo de queda da popularidade do governo. Pesquisas internas feitas pela equipe que assessora o presidente mostram um enorme descontentamento da população com o forte aumento do custo de vida.
As queixas dos pesquisados é de que muitos estão sendo obrigados a tirar itens essenciais dos carrinhos de supermercado. A quantidade de arroz comprada no mês caiu pela metade. Também foi reduzida a quantidade de feijão, carnes e óleo de soja. “As reclamações são gerais. Há um desconforto crescente em relação ao governo”, admite um integrante do Planalto. “As pessoas estão se sentindo desprotegidas, sobretudo, as mais pobres, que, agora, ficarão sem o auxílio emergencial, que acaba neste mês”, acrescenta.
Risco à reeleição
A expectativa do Planalto é de que se cumpram as promessas do ministro da Economia, Paulo Guedes, e do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que têm assegurado que a disparada da inflação é temporária. “O problema é que esse temporário está durando demais”, diz outro integrante do Planalto. “De início, a explicação foi a de que era uma inflação dos alimentos, que passaria logo. Contudo, estamos vendo reajustes disseminados de preços”, enfatiza.
Bolsonaro tem cobrado, sistematicamente, da equipe econômica justificativas para altas generalizadas de preços. Sua preocupação ficou estampada depois do anúncio, pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), de que as contas de luz ficarão mais caras a partir deste mês. Ele pediu às pessoas que economizassem no consumo de eletricidade. O presidente, dizem auxiliares, aposta todas as fichas na melhora da economia para garantir a reeleição em 2022. Mas, com inflação alta, não há apoio a governantes que resista.
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