Preços

Alimentação responde por 75% da inflação dos mais pobres

A inflação dos mais pobres foi de 1% em novembro, acima da média nacional (0,89%) e da inflação dos mais ricos (0,63%). Elevação do custo dos alimentos, que pesa mais no orçamento dos menos favorecidos, explica a diferença.

Marina Barbosa
postado em 11/12/2020 15:51 / atualizado em 11/12/2020 15:52
 (crédito: Ed Alves/CB)
(crédito: Ed Alves/CB)

A alta dos alimentos continua pressionando a inflação brasileira, mas tem castigado especialmente os mais pobres. Estudo publicado nesta sexta-feira (11/12) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) explica que a alimentação foi responsável por 75% de toda a inflação das famílias mais pobres em novembro.

Segundo o Ipea, os mais pobres dedicam uma parcela maior do orçamento à compra da cesta básica. Por isso, têm sido mais afetados pela alta dos alimentos. Em novembro, por exemplo, a inflação dois mais pobres chegou a 1%, devido ao aumento de 2,54% do custo da alimentação. Já a inflação oficial brasileira foi de 0,89% e a a inflação dos mais ricos marcou 0,63%.

Como os alimentos têm subido desde março, a inflação dos mais pobres também supera a dos mais ricos no acumulado do ano. Pelos cálculos do Ipea, o indicador já acumula alta de 5,8% em 12 meses e de 4,6% neste ano. Ou seja, já desponta acima da meta de 4% perseguida pelo Banco Central (BC). Já entre os mais ricos, a inflação é de 1,7% no acumulado deste ano e de 2,69% em 12 meses.

"No caso das famílias mais pobres, cujo gasto com os itens do grupo alimentação e bebidas compromete 28% dos seus orçamentos, os reajustes acumulados em 2020 de itens como arroz (69,5%), feijão (40,8%), carnes (13,9%), frango (14%), leite (25%) e óleo de soja (94,1%) contribuíram para uma alta inflacionária bem mais intensa do que a observada no segmento mais rico, em que o peso desse grupo nas despesas mensais é de 13%", comentou o Ipea.

O Ipea acrescentou que, além de serem afetados de forma menos intensa pela alta dos alimentos, os mais ricos também têm sido favorecidos pelo recuo de preços de passagens aéreas (-35,3%), transporte por aplicativo (-16,8%), gasolina (-1,7%) e despesas com recreação (-1,1%) — itens que têm um peso relevante no orçamento dos mais ricos, mas não são relevantes na inflação dos mais pobres.

"Neste ano, o cenário inflacionário combinou forte aceleração de preços de alimentos com uma alta desaceleração da inflação de serviços, o que explica o diferencial da inflação entre as faixas de renda mais baixa e mais alta", explicou o Ipea.

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