Governo

Guedes: vacina é crucial à retomada

Ao fazer o balanço do ano antes de sair de férias, o ministro considera a imunização um fator crítico para a economia recuperar o fôlego e enfrentar os desafios de 2021. Ele espera mais avanços nas reformas estruturantes e promete não fazer mais previsões sobre privatizações

ROSANA HESSEL MARINA BARBOSA
postado em 19/12/2020 01:03
 (crédito: Edu Andrade/Ascom/ME)
(crédito: Edu Andrade/Ascom/ME)

Apesar das críticas do presidente Jair Bolsonaro à vacinação obrigatória contra a covid-19, o ministro da Economia, Paulo Guedes, reconheceu que a imunização em massa será o capítulo mais importante no combate à crise provocada pela pandemia de covid-19. Para ele, esse será o principal obstáculo a ser vencido para que a atividade econômica tenha uma recuperação mais forte no ano que vem.

“A pandemia não foi vencida ainda. O capítulo mais importante vem agora, que é a vacinação em massa”, disse Guedes, ontem. Ao defender a imunização generalizada, Guedes comparou o Brasil a um pássaro, afirmando que é necessário voar com “as duas asas simultaneamente”, de forma sincronizada. “A asa da recuperação econômica, que está a caminho, e a asa da saúde, com a vacinação em massa”, disse. “A grande esperança é a vacinação em massa, para garantir o retorno seguro ao trabalho. Aí o Brasil vai bater as duas asas e vai voar”, projetou o ministro.

Ao fazer um balanço do ano para jornalistas, o ministro negou ser um “superministro” e explicou que o país precisa da imunização para se recuperar das crises sanitária e econômica provocadas pela pandemia da covid-19. Em seguida, defendeu, também, a necessidade de cada brasileiro poder escolher se vai tomar a vacina e também qual tomará, e afirmou que o governo tem “obrigação” de fornecer vários imunizantes existentes no mercado.

“Como brasileiros, temos o direito de escolher se vamos tomar vacina e o direito de escolher qual delas tomar”, declarou. Para o chefe da equipe econômica, contudo, será preciso implementar restrições a quem preferir não se imunizar por meio do chamado “passaporte da imunidade”. “Se não quiser tomar, não tem o dever de tomar. Agora, também não pode ir para o cinema, tem que ter uma circulação restrita”, declarou. Para o ministro, seria possível cobrar o comprovante da vacina na entrada, como shopping centers e locais de trabalho.

Reformas e promessas
Durante o balanço da gestão da pasta, Guedes citou avanços, como a aprovação da reforma da Previdência e admitiu a frustração com a falta de avanços nas agendas de reformas e privatizações, que ficaram em segundo plano devido à pandemia, mas que enfrenta resistências no Congresso. Ele, inclusive, disse que não pretende mais fazer promessas sobre quantas empresas pretende desestatizar. Citou Eletrobras e Correios, por exemplo, como empresas que precisam passar para iniciativa privada para terem capacidade de investir novamente.

“A doença cedendo e a economia voltando, o programa termina em 31 de dezembro, o Brasil está de volta e as reformas estruturais estão de volta. Se não for essa a realidade, vamos ter que pensar no que fazer”, declarou. Ele explicou que “não se pode usar a doença como uma desculpa para a irresponsabilidade fiscal”. E reforçou que a vacinação em massa é a grande esperança para garantir o retorno seguro ao trabalho e ainda custa bem menos do que o auxílio: “O auxílio emergencial custa R$ 55 bilhões por mês. A vacinação de toda a população brasileira custa R$ 20 bilhões”, comparou.
O próprio Guedes indicou que pretende tomar a vacina que for aplicada por outras “economias extraordinariamente avançadas”, já que tem 71 anos e está no grupo de risco da covid-19.

 

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Mudanças em caso de segunda onda

Durante a apresentação virtual de mais de duas horas e meia, Guedes garantiu que, com a medida provisória liberando R$ 20 bilhões para o programa de imunização, será possível garantir todas as vacinas, de forma gratuita à população. Porém, para não destoar muito do discurso de Bolsonaro, que não poupa críticas à vacinação obrigatória e à CoronaVac, defendeu que a vacinação não deve ser obrigatória e, admitiu, inclusive, que ele próprio quer escolher a vacina que vai tomar.

O chefe da equipe econômica ainda admitiu que é “assustador” voltar à marca de mil mortes diárias por covid-19. Porém, evitou falar de uma segunda onda da pandemia. Alegou que saúde não é sua especialidade e que ainda é preciso avaliar a evolução dos números para perceber se o recente aumento de casos de covid-19 significa um repique provocado pela flexibilização do isolamento social, ou uma segunda onda. Mas, reforçou a necessidade de manutenção do teto de gastos, como medida para garantir o poder de compra da população mais pobre.

Guedes assegurou que, se uma segunda onda for confirmada pelas autoridades de saúde, o governo terá de “ter uma ação tão fulminante e decisiva como tivemos da outra vez”. Em outras ocasiões, o ministro já admitiu que essa possibilidade poderia levar ao prolongamento do auxílio emergencial, que já consumiu R$ 321 bilhões, mais da metade dos R$ 600 bilhões de gastos emergenciais autorizados na pandemia. Por isso, destacou que este não é o “plano A” no momento e indicou que o governo faria ajustes nos programas sociais no caso de uma segunda onda, renovando o que foi bom e acabando com o que não deu certo.

O ministro encerrou a conversa com jornalistas desejando “saúde e vacinação para todos”. Paulo Guedes tem férias previstas até 8 de janeiro.

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