TRABALHO

Brasil cria recorde de414,5 mil vagas formais

Resultado de novembro é o melhor da série histórica do Caged, mas os números da Pnad mostram um contigente de 14 milhões de desempregados. Para Guedes, crescimento mostra que a economia está "se recuperando em V"

Marina Barbosa
postado em 24/12/2020 00:08

Apesar de o desemprego continuar em alta, o Brasil criou 414.556 vagas de carteira assinada em novembro. O resultado é o melhor da série histórica do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e permitiu que o mercado de trabalho formal revertesse as perdas acumuladas na pandemia de covid-19. “É o maior Caged da história”, comemorou o ministro da Economia, Paulo Guedes, durante a apresentação dos dados, ontem. De acordo com a pasta, o crescimento do emprego formal foi puxado pelos setores de serviços e comércio, que criaram 179 mil vagas cada um em novembro, e foi sentido por todos os estados brasileiros.

“Quando observamos serviços e comércio sendo destaques na geração de empregos, que foram exatamente os setores mais atingidos pela pandemia, significa que, realmente, estamos em retomada em V”, comentou Guedes. Com esse resultado, o Caged ainda passou a contabilizar a geração líquida de 227.025 postos de trabalho formais entre janeiro a novembro. O resultado anual não era positivo desde o início da pandemia, quando 1,5 milhão de empregos foram fechados no país. Por isso, Guedes voltou a dizer que o Brasil pode terminar o ano sem perdas de vagas formais de trabalho por conta desses resultados.

Analistas, no entanto, recomendam cautela na análise dos dados. É que essas vagas ainda não são suficientes para atender todos os brasileiros que estão buscando emprego, tanto que o desemprego ainda atinge 14 milhões de brasileiros, conforme dados apresentados, ontem, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). (Leia mais abaixo)

Além disso, essa recuperação vem ocorrendo de maneira desigual. Os setores de comércio e serviços, por exemplo, criaram vagas em novembro, mas ainda estão no negativo no acumulado do ano. Seis estados brasileiros também ainda não reverteram as perdas da pandemia. Entre eles, o Distrito Federal, que fechou 10.222 vagas de carteira assinada de janeiro a novembro, segundo o Caged.

Especialistas ainda alertam para o fato de que parte dessa recuperação do Caged é fruto das vagas temporárias de fim de ano. “Muitas empresas demitiram no começo da crise, mas contrataram temporários quando o movimento começou a melhorar. Porém, os próximos números devem vir mais fracos, pois, naturalmente, há uma redução dos temporários e também porque o aumento de casos da covid-19 tem gerado incertezas e novas restrições pelo país”, alertou a economista da Coface para a América Latina, Patrícia Krause.

Temporários
O Ministério da Economia admitiu que o resultado do Caged costuma ser negativo em dezembro por conta desse movimento. Porém, ponderou que, em novembro, os temporários representaram 9% do saldo do Caged — isso é, 37,1 mil das 414,5 mil vagas criadas no mês. Secretário especial de Previdência e Trabalho, Bruno Bianco acrescentou que, como o ano tem sido atípico, dezembro pode ser “diferente”.

A pasta não apresentou os dados anuais da contratação de temporários. Porém, a Associação Brasileira do Trabalho Temporário (Asserttem) calcula que 400 mil vagas temporárias foram criadas no Brasil neste segundo semestre e projeta que 22% delas serão efetivadas.

“A indústria está aquecida e tem feito muitas contratações, mas o medo da segunda onda ainda trava a contratação no comércio e nos serviços. Nesses setores, a taxa de efetivação será menor”, estimou o presidente da Asserttem, Marcos de Abreu.

“A efetivação depende de como as empresas vislumbram o início do ano que vem, mas ainda há bastante incerteza, por conta da pandemia, e, também, por conta da inflação e do fim do auxílio emergencial, que podem inibir o consumo”, confirmou o economista da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Fábio Bentes.

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Governo avalia prorrogar acordos

O Ministério da Economia está avaliando a possibilidade de prorrogar, novamente, o programa que permite a realização de acordos de redução salarial e suspensão do contrato de trabalho. Os acordos atingiram 9,8 milhões de brasileiros na pandemia e, por enquanto, terminam no próximo dia 31. A possibilidade de prorrogação do Benefício Emergencial e Preservação do Emprego e da Renda (BEm) está em estudo pela Secretaria Especial de Previdência e Trabalho da pasta. Em seguida, será encaminhada para avaliação do ministro Paulo Guedes e do presidente Jair Bolsonaro.

“Estamos avaliando, de maneira criteriosa, se ainda há necessidade, se os setores ainda estão usando o benefício emergencial e se entendemos que ainda precisaria de uma prorrogação do BEm. (...) Estamos fazendo os estudos e levaremos ao ministro Paulo Guedes, que já está conosco analisando tudo isso, e também ao presidente da República, para que possamos deliberar em conjunto”, afirmou, ontem, o secretário especial de Previdência e Trabalho, Bruno Bianco.

A prorrogação dos acordos vem sendo solicitada por empresários do setor de serviços, como o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Paulo Solmucci. Ele explicou que, mesmo antes das novas medidas de contenção da covid-19, 35% dos bares e restaurantes brasileiros já haviam fechado e 53% dos que voltaram a funcionar após a quarentena estão sofrendo prejuízos. “A situação só piorou depois de novembro. Se não tiver ajuda, não vamos conseguir pagar os funcionários”, alertou Solmucci. (MB)

Desemprego atinge mais jovens

 (crédito: Ana Rayssa/CB/D.A Press)
crédito: Ana Rayssa/CB/D.A Press

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desocupação chegou a 14,2%, a maior da série histórica da pesquisa (PnadCovid), iniciada em maio. São 14 milhões sem trabalho no país (em outubro, foram 13,8 milhões; em maio, 10,1 milhões). Desde maio, o contingente de desempregados cresceu 38,6% — e 2%, em relação a outubro. Os mais jovens foram os mais afetados. A taxa de desocupação ficou em 24,2% para aqueles de 14 a 29 anos; e foi menor para os que têm nível superior completo ou pós-graduação (6,7%).

Entre as mulheres, a taxa foi de 17,2%; dos homens, 11,9%. Por cor ou raça, cresceu mais para aqueles de cor preta ou parda (16,5%) do que para brancos (11,5%). “Esse aumento da população desocupada ocorreu, principalmente, na região Nordeste. Nas demais regiões, ficou estável, sendo que no Sul houve queda na desocupação”, disse Maria Lucia Vieira, coordenadora da pesquisa do IBGE. Por outro lado, a PnadCovid aponta que a população ocupada também aumentou. Subiu para 84,7 milhões, alta de 0,6% em relação a outubro (84,1 milhões); e, pela primeira vez desde o início da pesquisa, a população ocupada foi superior à de maio (84,4 milhões).

O nível de ocupação ficou em 49,6%, ou seja, menos da metade da população em idade para trabalhar estava ocupada, informou o IBGE. Com isso, houve aumento na força de trabalho — soma da população ocupada e a desocupada — para 98,7 milhões de pessoas. A população fora da força reduziu para 72 milhões. “A população ocupada aproximou-se do patamar de março, apesar da taxa de desocupação maior. Isso porque temos mais pessoas pressionando o mercado de trabalho em busca de uma ocupação. Esses números refletem a flexibilização das medidas de distanciamento social, com mais pessoas, mês a mês, deixando de estar fora da força de trabalho”, afirmou Maria Lucia.

“Taxa positiva”
Para Alex Agostini, economista-chefe da Agência Austin Rating, de certa forma, “essa pode ser considerada uma taxa de desemprego positiva”. “A tendência é de que o emprego melhore já em fevereiro ou março de 2021, mesmo que a taxa de ocupação fique mais alta. É a prova de que a atividade está começando a se aquecer e as pessoas estão saindo do desalento”, reforça. O emprego tende mesmo a avançar, principalmente, porque, em janeiro as pessoas não vão mais poder contar com o auxílio emergencial, destaca o economista.

Quando a vacina contra a covid-19 for aprovada pelos órgãos de saúde, com a imunização da população, o setor de serviços, que vem patinando, deverá tomar força e se igualar ao desempenho de outros que engrenaram, como a construção civil, por exemplo, reitera Alex Agostini. Em novembro, informou o IBGE, a taxa de informalidade não se alterou em relação ao mês anterior (34,5%, o que corresponde a 29,2 milhões de pessoas). Norte e Nordeste seguem com as maiores taxas de informalidade, 49,6% e 45,2%, respectivamente.

Houve redução de 853 mil pessoas no contingente daqueles que gostariam de trabalhar e não procuraram trabalho por causa da pandemia ou por falta de vaga nos locais onde vivem (13,6 milhões). Dos 84,7 milhões de ocupados, 2,1 milhões, a menor quantidade da série, ainda estavam afastadas do trabalho em novembro. Em maio, eram 15,7 milhões. Já o total dos que estavam em trabalho remoto também caiu, para 7,3 milhões. “O indicador está em queda mais acentuada desde setembro, acumulando uma redução de 15,8% no número de pessoas em trabalho remoto desde maio”, contou Maria Lucia.

 

Aeronáutica abre seleção com 234 vagas

A Aeronáutica abriu uma nova seleção para a convocação de 234 profissionais de nível superior, destinados à prestação do serviço militar voluntário em caráter temporário, para o ano de 2021. As chances são para várias localidades do território nacional. As inscrições vão até 2 de janeiro de 2021, no site da Força Aérea Brasileira.

De acordo com o aviso de convocação, o voluntário que for incorporado poderá ser empregado em qualquer atividade militar ou considerada de natureza militar, nas Organizações Militares (OM) as quais estiver vinculado, bem como em missões que se destinam a defender a pátria e a garantir os Poderes constituídos, a lei e a ordem.

Os candidatos serão avaliados por entrega de documentos, validação documental, avaliação curricular, concentração inicial, inspeção de saúde e avaliação psicológica, teste de avaliação do condicionamento físico, concentração final e habilitação à incorporação.

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