Indústria

Secretário rebate Maia sobre fechamento da Ford e credibilidade do governo

Presidente da Câmara disse que montadora encerrou atividades por causa da falta de credibilidade do governo e do "manicômio" tributário no Brasil. Fábio Wajngarten, por sua vez, respondeu que a decisão da empresa ocorre por razões de mercado

Luiz Calcagno
postado em 11/01/2021 20:20
 (crédito: Alan Santos/PR - 18/12/19)
(crédito: Alan Santos/PR - 18/12/19)

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) afirmou que o encerramento da produção de veículos na Ford no Brasil, que vai deixar 5 mil desempregados, é fruto da “falta de credibilidade do governo brasileiro”. Em resposta, o secretário de Comunicação do Ministério das Comunicações, Fábio Wajngarten, acusou o parlamentar de procurar holofotes. 

“O fechamento da Ford é uma demonstração da falta de credibilidade do governo brasileiro, de regras claras, de segurança jurídica e de um sistema tributário racional. O sistema que temos se tornou um manicômio nos últimos anos, que tem impacto direto na produtividade das empresas”, afirmou Maia em uma rede social. “Espero que essa decisão da Ford alerte o Governo e o parlamento para que possamos avançar na modernização do Estado e na garantia da segurança jurídica para o capital privado no Brasil”, continuou.

Na resposta a Maia, Wajngarten deu outras justificativas para a saída da Ford do Brasil. “A verdade dos fatos: a Ford mundial fechou fábricas no mundo porque vai focar sua produção em SUVs e picapes, mais rentáveis. Não tem nada a ver com a situação política, econômica e jurídica do Brasil. Quem falar o contrário, mente e quer holofotes”, posicionou-se o secretário.

Precedentes

A Ford anunciou uma reestruturação da produção de veículos na América do Sul. Com isso, neste ano, a empresa fechará plantas em Camaçari (BA), em Taubaté (SP) e em Horizonte (CE). A última é voltada para a Troller. O fechamento provocará desemprego. De acordo com a montadora americana, “à medida que a pandemia de covid-19 amplia a persistente capacidade ociosa da indústria e a redução das vendas, resultando em anos de perdas significativas”.

Além dos efeitos econômicos da pandemia, as montadoras não tinham um relacionamento muito próximo com o governo Bolsonaro. Como registrou o Blog do Vicente, em janeiro de 2019, por exemplo, o secretário Especial de Produtividade, Emprego e Competitividade do ministério, Carlos da Costa, deu o tom. Disse, após representantes se queixarem da General Motors (GM) se queixarem do alto custo tributário do país, que, se precisassem, deveriam fechar as portas. “Se precisar fechar (fábrica), fecha”, afirmou.

O vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, demonstrou preocupação com o encerramento das atividades da Ford. “Não é uma notícia boa, né? Acho que a Ford ganhou bastante dinheiro aqui no Brasil. Me surpreende essa decisão que foi tomada aí pela empresa. Uma empresa que está no Brasil há praticamente 100 anos, desde 1921 (Na verdade, a Ford está desde 1919). Acho que ela poderia ter retardado isso aí mais, e aguardado, até porque o nosso mercado consumidor é muito maior do que outros aí”, argumentou.

 

 

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