ECONOMIA

Estudo aponta que venda de ações provocou prejuízo bilionário ao BNDES

Especialistas ouvidos pelo Correio detalham ações do Banco

Vera Batista
postado em 22/01/2021 06:00
 (crédito: Leonardo Cavalcanti/CB/D.A Press)
(crédito: Leonardo Cavalcanti/CB/D.A Press)

Estudo do economista Arthur Koblitz, presidente da Associação dos Funcionários do BNDES (AFBNDES), mostra que a pressa do governo em acelerar o desinvestimento da carteira da BNDESPar, o braço de participação acionária do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, acarretou prejuízo de R$ 12 bilhões aos cofres públicos. O erro estratégico, afirma o economista, foi vender ações da carteira em momento de baixo preço e durante a pandemia. O prejuízo se concentra em quatro principais desinvestimentos: Petrobras (R$ 1,3 bilhão), Vale (R$ 7,5 bilhões), Suzano (R$ 2,5 bilhões) e Marfrig (R$ 800 milhões).

“Sempre alertamos que não havia necessidade da venda, a menos que fosse para usar os recursos para combater a pandemia, o que não aconteceu. Ao contrário, diversos investidores privados comemoraram”, disse Koblitz.

Nos cálculos do economista, em agosto de 2020, o banco alienou 135 milhões de ações ao preço de R$ 60,26 por ação, num total de R$ 8,1 bilhões pela BNDESPar. “Hoje, essa carteira valeria R$ 14,1 bilhões, e a BNDESPar ainda deixou de receber R$ 325 milhões em dividendos. O prejuízo dessa única operação, portanto, foi de R$ 6 bilhões. Fazendo a mesma conta para casos públicos de desinvestimento (usando a cotação em 8 de janeiro de 2021) chegamos ao número de R$ 12,2 bilhões de prejuízo”, destacou.

O economista Gil Castello Branco, especialista em finanças públicas e secretário-geral da Associação Contas Abertas, não concorda que a venda das ações tenha sido um mau negócio. “O governo, além da participação em golden shares e blocos de controle das empresas, acabava tendo penduricalhos ao comprar ações via BNDES e Caixa”, assinalou. Para ele, o simples fato de um banco de fomento ter participação societária em uma petroleira enorme não faz sentido. “Estes recursos seriam mais efetivos em empresas menores, que não têm acesso a financiamento ou taxas de juros baixas, o que não é o caso da Petrobras.”

“O argumento de que ‘agora vale mais’ é sempre usado pelos ‘profetas’ que pretendem demonstrar maus negócios, como se fosse possível adivinhar o comportamento do mercado. Se as pessoas soubessem exatamente para onde a Bolsa vai, elas sempre ganhavam dinheiro”, argumentou.

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