Declarações recentes do ministro da Economia, Paulo Guedes, indicam que, caso o governo federal decida retomar o pagamento do auxílio emergencial, alguns concursos podem ser travados pelo país. De acordo com Guedes, para continuar com o benefício assistencial em 2021, será necessário ajustar o Orçamento em outras áreas.
Entre os gastos a serem afetados estão os reajustes do funcionalismo público e, consequentemente, a realização de concursos públicos federais. “Quer criar o auxílio emergencial de novo, tem que ter muito cuidado. Se fizer isso, pode não ter aumento automático de verbas para a educação, para a segurança pública, pois a possibilidade passou a ser absoluta, é uma guerra. É a mesma coisa. Se apertar o botão ali, vai ter que travar o resto todo (do Orçamento). Então, vamos observar a economia, a saúde. Os dois andam juntos. E esperar pelo melhor”, afirmou Guedes.
As declarações do ministro foram feitas na terça-feira, durante reunião virtual com investidores estrangeiros, promovida pelo Crédit Suisse, do qual participou também o presidente Jair Bolsonaro. No evento, ambos descartaram a prorrogação do auxílio e reafirmaram o compromisso com o ajuste fiscal e a manutenção do teto de gastos.
O presidente, no entanto, teme a perda constante de popularidade que vem sofrendo desde o fim do auxílio e com o avanço da crise de coronavírus em Manaus. Ele é contra a extensão do auxílio, mas enfrenta o risco de ser atropelado pelo Congresso, onde parlamentares pretendem aprovar novos pagamentos, o que traria baixas econômicas imediatas para a União e perda de capital político ao chefe do Executivo.
Apesar de atrair muita gente, a realização de concursos não costuma render muitos votos, tendo em vista a quantidade de pessoas beneficiadas diretamente. O projeto de Lei Orçamentária Anual de 2021 prevê a abertura de 53.111 vagas, sendo 50.946 para preenchimento por meio de concursos a serem realizados por órgãos federais neste ano, e outras 2.165 para criação de cargos na estrutura administrativa da União.
Dívida pública federal alcança R$ 5 trilhões
A dívida pública do governo federal chegou a R$ 5 trilhões em 2020. Em relação ao saldo registrado no fim de 2019, o endividamento aumentou em R$ 760,7 bilhões, ou 18%. De acordo com relatório divulgado pela Secretaria do Tesouro Nacional, a variação incorpora emissões líquidas de R$ 408,1 bilhões em novos títulos e apropriação de juros, no valor de R$ 352,6 bilhões. Grande parte do crescimento da dívida reflete o aumento das despesas com medidas para combater os efeitos da pandemia. O Tesouro calcula que, neste ano, terá uma necessidade de financiamento de R$ 1,67 trilhão. A conta não inclui eventual prorrogação do auxílio emergencial.
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