Dívida pública chega a 89,3% do PIB

postado em 30/01/2021 06:00
 (crédito: Rodrigo Nunes/Esp.CB)
(crédito: Rodrigo Nunes/Esp.CB)

O Brasil começa o ano com uma conta de R$ 6,615 trilhões para pagar. Como a pandemia de covid-19 exigiu a ampliação dos gastos públicos e o governo completou sete anos no vermelho, o Executivo precisou se endividar para custear os programas emergenciais de combate ao novo coronavírus. O resultado foi uma explosão da dívida pública.

Segundo dados divulgados, ontem, pelo Banco Central (BC), a Dívida Bruta do Governo Federal (DBGG) chegou a 89,3% do Produto Interno Bruto (PIB) ao fim de 2020. É um aumento recorde de 15 pontos percentuais em relação a 2019, quando a dívida bruta fechou o ano marcando 74,3% do PIB, em R$ 5,5 trilhões.

O dado preocupa, mesmo tendo vindo melhor do que o imaginado no início da pandemia de covid-19. Analistas chegaram a projetar uma dívida superior a 90% do PIB, podendo chegar perto dos 100% do PIB em 2020, no ano passado. Porém, esses dados foram puxados para baixo por conta de uma revisão para melhor dos dados do PIB do Brasil, realizada no fim do ano pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Como o PIB teve uma queda menor do que o esperado, por conta dos auxílios pagos na pandemia, o número veio melhor do que a expectativa. Porém, este ainda é o maior patamar da série histórica e a tendência ainda é de crescimento da dívida, porque o deficit primário ainda será elevado neste ano", explicou o diretor-executivo da Instituição Fiscal Independente (IFI), Felipe Salto.

Ainda de acordo com o BC, junto com o aumento da dívida pública, o Brasil viu o rombo das contas públicas saltar de R$ 61,9 bilhões em 2019 para R$ 703 bilhões em 2020. O patamar é recorde e equivale a 9,49% do PIB, em 2020. Porém, é ainda maior quando se olha apenas para o déficit do governo central: R$ 745,3 bilhões. E o Executivo ainda projeta um rombo de mais R$ 247,1 bilhões para o governo central neste ano, já que os gastos continuarão superando as receitas públicas. E Salto calcula que o rombo pode chegar perto dos R$ 300 bilhões se o recrudescimento da pandemia exigir novos gastos emergenciais neste ano.

“A piora do endividamento e do deficit em 2020 já era esperada, por conta da pandemia. A preocupação, agora, é em relação ao rumo das contas públicas, porque começamos este ano sem Orçamento e ainda não sabemos se o governo tem cartucho para conseguir a aprovação de medidas que sinalizem que esse endividamento vai parar de crescer, como a PEC Emergencial”, comentou a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack.

“A expectativa é de que esses dados sirvam como um alerta. A pandemia está recrudescendo e pode exigir novos gastos. Porém, esses gastos devem vir acompanhados de contrapartidas, como as reformas. Se não demonstrarmos preocupação com a situação fiscal, vai haver uma fuga de investimentos internacionais e uma elevação do dólar", alertou o secretário-geral da Associação Contas Abertas, Gil Castello Branco. Ele lembrou que a dívida bruta é um indicador de solvência observado de perto pelas agências de risco e que cresceu mais no Brasil do que em outros países emergentes na pandemia de covid-19.

 

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