Uma nova tecnologia desenvolvida pelos pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) permite identificar o nível de saúde do solo. A tecnologia foi apresentada por Iêda Carvalho Mendes, engenheira agrônoma e pesquisadora da Embrapa Cerrados (DF), na edição de ontem do CB Agro –– realização do Correio Braziliense em parceria com a TV Brasília. Ela liderou o grupo que, em 2020, desenvolveu a tecnologia BioAs, que permite avaliar as enzimas presentes na terra e determinar seu nível de vida.
“A bioanálise é como se fosse um exame de sangue do solo. O solo com saúde também se desintoxica mais rápido, ou seja, produtos químicos como pesticidas são degradados rapidamente nesse ambiente”, explicou, salientando que a nova tecnologia permitiu estudar elementos que, até então, passavam despercebidos pelas análises de fertilidade.
O exame está presente em oito laboratórios espalhados na região do cerrado, em Goiás, Mato Grosso, São Paulo e Minas Gerais. O BioAs foi lançado em junho do ano passado e já reúne mais de 2,5 mil amostras de solo. No caso do Distrito federal, Iêda acredita que logo terá uma unidade laboratorial capaz de fazer o exame –– que custa entre R$ 100 e R$ 120.
“Em uma análise do Mato Grosso, por exemplo, tivemos um exemplo de dois solos que possuíam as mesmas propriedades químicas, o que significava que a quantidade de fósforo e demais nutrientes era igual, quimicamente em bom estado. Mas, quando chegou o período de seca, o solo que estava doente não conseguiu manter seu desempenho. O saudável conseguiu produzir 59 sacas da cultura, enquanto o doente produziu apenas 29”, exemplificou.
Iêda lembrou que o Cerrado, até um tempo atrás, era um bioma considerado pobre em nutrientes, mas que, com pesquisa, ciência e tecnologia, o bioma tornou-se um forte produtor do país. Ganhou o Prêmio Nacional de Produtividade de Trigo, bateu recordes na produção de soja e milho, e isso tudo com pesquisas para uma agricultura que respeite o meio ambiente e preste serviços ambientais”, salientou.
A pesquisadora define a atual agricultura tropical como um exemplo para o mundo. “Fazer agricultura em cima de um solo fértil, em uma região que chove o ano inteiro, é fácil. Mas, aqui no cerrado, temos solos pobres em nutrientes, solos ácidos. Nosso clima é definido em seis meses de chuva e seis meses de seca, ou seja, um desafio. Mas, com pesquisa e tecnologia, mudamos o estigma de aqui ser um solo improdutivo”, explicou Iêda.
*Estagiário sob a supervisão de Fabio Grecchi
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