O ministro da Economia, Paulo Guedes, cancelou a participação que faria no Fórum Econômico Mundial de Davos, que acontece no formato virtual este ano por causa da pandemia. Ele participaria do painel Reparando o Sistema de Comércio Internacional. A ausência foi informada no início do debate pelo mediador, o comentarista-chefe de economia do Wall Street Journal, Greg Ip. Instantes mais tarde, a assessoria de imprensa do ministro da Economia confirmou o cancelamento da participação e argumentou que ele desistiu do evento para “resolver assuntos internos”. A pasta não informou qual a natureza dos assuntos aos quais Guedes se dedica no momento.
“A única desculpa razoável para tamanha desfeita seria problema de saúde”, disse um especialista que acompanhava o evento e aguardava a manifestação do ministro.
Em 2019, na primeira edição de que participou, Guedes fez uma apresentação otimista da economia brasileira e dos projetos para o iniciante governo Bolsonaro. Vendeu o país para os investidores com o discurso de recuperação econômica, inflação e juros baixos. “Agora, o governo convive com a baixa popularidade do presidente, ameaça de greve dos caminhoneiros na próxima segunda-feira, elevação do preço do diesel e da gasolina, com as eleições na Câmara e no Senado batendo às portas e com a pressão do Centrão por cargos e expansão de gastos em troca de apoio”, afirmou o economista César Bergo, sócio consultor da Corretora OpenInvest.
“Não vazou quase nada sobre a desistência de Guedes, mas de uma coisa tenho certeza: o governo, a partir de agora, vai inundar o mercado com pautas positivas”, acrescentou Bergo. Coincidência ou não, pouco depois, o Ministério da Economia divulgou três ações: que o Ministério da Agricultura e o BNDES deram a largada para a concessão de três florestas em Santa Catarina e Paraná; a prorrogação do prazo de pagamento do Simples Nacional de 20 para 26 de fevereiro; e a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) publicou edital de licitação para trecho de 850 quilômetros de rodovias federais.
Temas incômodos
Neste ano, de olho em temas como combate à covid-19, vacinação e conservação da Amazônia, a edição online do Fórum não teve participação de Bolsonaro. A maior autoridade brasileira foi o vice-presidente Hamilton Mourão, que comanda o Conselho Nacional da Amazônia Legal.
Bolsonaro tem sido alvo de críticas de organismos internacionais pela atuação do governo brasileiro no combate à pandemia do novo coronavírus e também por sua política ambiental. Neste mês, com o colapso do sistema de saúde em Manaus devido à falta de oxigênio, a gestão da crise entrou na mira da Organização Mundial da Saúde (OMS).
A comitiva brasileira contou ainda com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, que focou seu discurso em tecnologia e inovação. O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, fechou a participação do país no fórum, em um painel sobre geopolítica. Ele aproveitou o palanque para colocar o Brasil como possível parceiro com outros países, mas ressaltou questões como democracia, liberdade e criticou o “totalitarismo tecnológico”.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.