CAMINHONEIROS

Greve parcial e poucos piquetes

Correio Braziliense
postado em 01/02/2021 22:24
 (crédito: Luis Nova/Esp. CB/D.A Press - 3/6/18)
(crédito: Luis Nova/Esp. CB/D.A Press - 3/6/18)

A greve dos caminhoneiros, prometida para ontem, teve adesão apenas parcial e não chegou a obstruir rodovias do país. Porém, a categoria está longe de estar satisfeita. São Paulo, Bahia e Rio Grande do Norte registraram paralisações, na manhã de ontem, apesar de dividir as lideranças do setor. Motivados pelo aumento do valor do diesel que, no fim de janeiro, sofreu reajuste de 4,4%, a classe reclama dos baixos preços dos fretes e defende melhores condições de trabalho, com alterações nas regras de jornada e aposentadoria especial.

No último sábado, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) chegou a fazer um apelo na tentativa de impedir que os caminhoneiros cruzassem os braços. “Vai causar um transtorno na questão da economia, porque estamos vivendo uma época de pandemia”, disse. O governo chegou a aumentar de 2,34% para 2,51% o reajuste do piso mínimo do frete rodoviário e zerou a tarifa de importação de pneus para transporte de cargas. Além disso, incluiu a categoria no grupo de prioridades para o recebimento das vacinas contra o novo coronavírus.

As medidas não impediram, contudo, o movimento. Para José Roberto Tadeu Rosa, presidente do Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos do Rio Grande do Sul (Sindicam-RS), o protesto é a única saída. “Só estamos solicitando nossos direitos de 2018, que ficaram esquecidos. Não tem mais condições”, alegou. Dois anos atrás, a paralisação durou 10 dias, causou desabastecimento de alimentos e combustível, e provocou uma disparada nos preços.

Wallace Landim, o Chorão, presidente da Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava), ressaltou que o período da greve não é adequado. “Estamos no meio da pandemia, o momento é muito delicado, com necessidade de entrega de vacina, por exemplo. Além disso, percebemos que se trata de um movimento político”, ressaltou. Apesar de não aderir à greve, a Abrava dialoga com governos estaduais e federais para alcançar os mesmos objetivos de diminuição dos tributos que incidem nos combustíveis, como PIS/Cofins e Impostos sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), e melhores condições de trabalho.

Protestos

Mas, mesmo com as divisões, não quer dizer que não houve piquetes. Em Mossoró (RN), caminhoneiros protestaram na BR-304, que registrou trânsito lento na altura da saída para Fortaleza. Pneus e objetos foram queimados, mas retirados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF). Em São Paulo, o km 30 da Rodovia Castello Branco, próximo a Barueri, foi bloqueado em duas faixas das 6h às 10h de ontem. Os protestos eram focados no governador João Doria devido aos pedágios que consideram abusivos e pelo aumento do ICMS.

Em Salvador, cerca de 100 caminhoneiros protestaram na BA-256. De forma pacífica, o grupo caminhou em direção à BR-324 e ocupou o acostamento e uma faixa da rodovia. Ainda na Bahia, em Feira de Santana, uma paralisação foi interrompida pela PRF, mas foi retomada por volta das 14h, no bairro Cidade Nova, e a manifestação durou cerca de duas horas. Durante a manhã, em Itati, outro grupo também protestou na BR-116 e bloqueou a pista com pneus e objetos queimados. A PRF interrompeu o movimento.

Em Goiás, próximo a Guapó, ação conjunta com equipes da polícia e do Corpo de Bombeiros impediu tentativa de bloqueio da BR-060, no quilômetro 190. O material foi recolhido e o fluxo foi liberado nos dois sentidos.

Até o momento, os encontros têm sido isolados e independentes, e não há nenhum ponto de paralisação total ou parcial, de acordo com o Ministério da Infraestrutura e com a PRF. A greve é por tempo indeterminado. (SK com Carinne Souza* e Edis Henrique Peres*, estagiários sob a supervisão de Fabio Grecchi)

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