Após pressão de baixa das ações da Petrobras, o Ibovespa (IBOV), principal índice de rentabilidade da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), fechou esta terça-feira (9/2) com queda de 0,23%, aos 119.416 pontos. Durante o dia, chegou a variar entre os 118.245 e os 119.974 pontos. No câmbio, o dólar atingiu alta de 1,39%, mas duas intervenções do Banco Central (BC) controlaram a disparada.
Na primeira, o BC anunciou um leilão de swap cambial, com oferta de 20 mil contratos, por volta das 14h20. Às 15h10, outro leilão foi feito com contratos remanescentes. No fim do dia, o dólar comercial fechou com alta de 0,20%, vendido a R$ 5,382.
A economista-chefe da Reag Investimentos, Simone Pasianotto, avaliou o resultado do Ibovespa, nesta terça-feira, como fruto da pressão dos papéis da Petrobras. “Desde a última sexta-feira, quando foi primeiro divulgado a falta de transparência na política de preços da estatal e, desde ontem, quando foi anunciada uma nova alta nos preços. Então, basicamente o Ibovespa hoje foi pressionado pela Petrobras e um pouco, marginalmente, por pressão externa”, esclareceu a economista.
Além dessa pressão, Simone disse que o desempenho na bolsa foi afetado pela discussão sobre a extensão do auxílio emergencial, que voltou a ser pauta no cenário político nos últimos dias. “A instabilidade foi bastante acentuada pelos olhos dos investidores por conta de uma possível nova rodada do benefício. Isso ficou bastante no radar do mercado e também pressionou para baixo o resultado do mercado de ações”, pontuou.
Outro fator importante, segundo ela, é o receio com relação às questões fiscais, uma velha dor de cabeça dos investidores que aportam capital no Brasil. “O mercado ainda está com bastante receio em relação às despesas públicas, em contrapartidas fiscais, o que levou o real, mais uma vez, ao pior desempenho em relação a outras moedas. O Banco Central teve que intervir com a venda de US$ 1 bilhão de dólares no mercado derivativo. A intervenção foi bastante positiva e oportuna dentro das incertezas acerca da gestão fiscal”.
Liquidez
Alexandre Espírito Santo, economista-chefe da Órama Investimentos e professor do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais do Rio de Janeiro (Ibmec-RJ), esclareceu que a atuação dos swaps é normal. “O Banco Central tem procurado dar normalidade e liquidez no mercado de câmbio, mas as cotações permaneceram pressionadas”, disse.
Alexandre avaliou, também, como a possibilidade de renovação do auxílio emergencial pode afetar a bolsa de valores. “Se o mercado notar que o teto dos gastos será ‘furado’ e ‘goteiras’ começarem a aparecer, é possível que o mau humor impere e o mercado se ressinta”, afirmou.
Ele comentou, ainda, que apesar de a volatilidade da bolsa ter diminuído, a movimentação ainda é atípica. “A volatilidade aumentou muito no ano passado, na pandemia, como poucas vezes eu vi na minha carreira. Nos últimos meses a volatilidade caiu para níveis mais palatáveis, mas ainda assim está quase 50% acima dos níveis antes da pandemia”, completou.
*Estagiários sob supervisão de Simone Kafruni
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