DÍVIDA PÚBLICA

Bolsonaro diz que auxílio pode afetar o endividamento do país e deverá ser rediscutido

Em 2020, a dívida pública bateu recorde histórico e ficou em R$ 6,615 trilhões, o que representa 89,3% do PIB

Vera Batista
postado em 10/02/2021 17:15 / atualizado em 10/02/2021 17:15
 (crédito: Carolina Antunes/ Agência Brasil )
(crédito: Carolina Antunes/ Agência Brasil )

O presidente Jair Bolsonaro, que vinha dando sinais de que poderia haver mais uma rodada do auxílio emergencial, mudou o discurso. Ao se reunir com prefeitos, nesta quarta-feira (10/2), disse que o governo não tem “dinheiro no cofre” e que novas medidas de distribuição de renda — que ampararam os municípios ao longo de 2020 — podem piorar o endividamento do país.

“Eu sempre disse que tínhamos dois problemas: o vírus e o desemprego. A arrecadação esteve praticamente equivalente no município, tendo em vista o auxílio emergencial, que volta a ser rediscutido. E é o que eu falo: não é dinheiro que eu tenho no cofre, é endividamento. Isso é terrível também. A economia tem que pegar. Temos que voltar a trabalhar”, argumentou Bolsonaro.

Em 2020, em consequências da elevação dos gastos públicos com o objetivo de combater a pandemia da covid-19, a dívida pública brasileira encerrou o ano no patamar histórico de R$ 6,615 trilhões, o que representa 89,3% do Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas do país).

Mesmo assim, devido à chegada de uma segunda onda de contaminação pelo coronavírus, parlamentares e agentes de mercado apontam a necessidade urgente do retorno do benefício para a população de baixa renda. Em resposta à pressão, a equipe econômica chegou a sinalizar que seria possível uma nova rodada, de menor valor, no montante mensal de R$ 200 por três meses, desde que o Congresso aprovasse contrapartida como contenção de gastos e um novo marco fiscal.

Reclamação

Bolsonaro também aproveitou a oportunidade para reclamar das ações de governadores e prefeitos durante a pandemia e reiterar suas convicções de que temos que aprender a conviver com as novas mutações do coronavírus. Estados e municípios, ao contrário da União, fecharam o ano no azul, com a ajuda do governo federal.

“Cada um tem o seu pensamento sobre como deve ser tratada a pandemia. E a decisão das medidas na ponta da linha é dos governadores e prefeitos. O presidente foi deixado de lado em grande parte das suas atribuições, a não ser mandar recursos e meios, o que nós fizemos. Se for preciso, neste ano, a gente vai continuar com esse atendimento a vocês, porque vocês não têm quem socorrê-los”, alfinetou.

E reiterou que a economia ainda não voltou a crescer. “Por isso eu apelo: quem puder abrir, abra o comércio. Vejo alguns municípios até protestando contra o respectivo governador”, reforçou o presidente da República.

A conversa com os prefeitos, que durou menos de 20 minutos, não estava prevista na agenda oficial do mandatário. Ele participou da agenda do ministro Milton Ribeiro, que desde cedo esteve reunido com os prefeitos. Após a visita ao MEC, Bolsonaro foi para o Ministério da Defesa, e participou de almoço seguido de reunião com o ministro Fernando Azevedo. O ministro Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo, também participou do encontro.


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