CARESTIA

Preços dos combustíveis devem seguir em alta durante todo o ano

Influenciados pelas cotações internacionais do petróleo e pelo dólar, preços dos combustíveis devem continuar subindo ao longo do ano. E as contas de luz, segundo a Aneel, devem aumentar 13% no ano, em média, mas há quem preveja alta ainda maior

Simone Kafruni
Jailson R. Sena*
postado em 11/02/2021 06:00
 (crédito: Carlos Vieira/CB/D.A Press)
(crédito: Carlos Vieira/CB/D.A Press)

Os consumidores precisam preparar o bolso para o choque de preços que vem por aí em 2021. Os combustíveis já tiveram vários reajustes este ano e os valores devem continuar subindo. No ano, a gasolina vendida nas refinarias, pela Petrobras, acumula alta de 22% e o diesel, de 10,7%. O aumento é ainda maior na bomba, pois o valor é acrescido de impostos e das margens de lucro das revendas e das distribuidoras. Em Brasília, há estabelecimentos em que o litro da gasolina sai por até R$ 5,29.

Outro item que pesa no orçamento das famílias, a energia elétrica também vai ficar mais cara. As tarifas podem subir 13%, em 2021, alertou o diretor geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), André Pepitone. Cálculos da empresa TR Soluções, contudo, calculam elevação média de 14,5% no Brasil, sendo que, no Centro-Oeste, a alta pode superar 21%.

No Distrito Federal, o valor mais baixo da gasolina é em Santa Maria, com litro a R$ 4,79. Nos postos do eixinho, nas asas Sul e Norte, os preços variam entre R$ 4,92 e R$ 5,29. Em Águas Claras, o litro custa R$ 5,15, mesmo valor praticado em alguns postos do SIA.

Segundo Paulo Tavares, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Lubrificantes e Combustíveis (Sindicombustíveis-DF), na maioria dos postos, os estoques comprados antes do reajuste da Petrobras, que entrou em vigor em 9 de fevereiro, já acabaram. “Vendo, em média, 10 mil litros por dia. Porém, ontem (terça-feira), vendi 15 mil litros porque os clientes sabiam que viria aumento”, disse.

A política de preços da Petrobras é de paridade internacional, ou seja, leva em conta o valor do barril de petróleo e o câmbio. Como as duas variáveis estão em alta, a tendência é de mais aumento dos combustíveis. O governo diz que tenta mexer nos impostos para reduzir o preço nas bombas e promete entregar ao Congresso uma proposta para alterar a incidência do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que é de competência estadual. Também estuda reduzir os tributos federais PIS/Cofins. De concreto, ainda nada.

Para Tavares, não adianta só mexer nos impostos. “O que precisa mudar é a política da Petrobras. O custo de produção do barril de petróleo no pré-sal é de US$ 6. Por que a empresa precisa considerar um valor 10 vezes maior (o barril de petróleo no mercado internacional está em torno de US$ 60) para fazer seu preço?”, questiona. Ele mesmo responde: “A empresa quer valorizar os ganhos dos acionistas às custas da população brasileira. Em países produtores, como a Arábia Saudita, há preços diferentes para os mercados interno e externo”, disse.

Na fatura de energia, os problemas se repetem, com agravantes. Também há alta incidência de impostos, sendo que a alíquota do ICMS varia entre 25% e 35% nos estados, e uma política de preços que inclui uma série de encargos e subsídios na chamada Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), rateada entre todos os consumidores brasileiros por meio da tarifa. Segundo o presidente do Instituto Acende Brasil, Claudio Sales, 47% da fatura são tributos e encargos. E vários outros fatores influenciam, como o nível dos reservatórios, que estão baixos, o que obriga o acionamento de termelétricas, cuja energia é a mais cara do mercado.

*Estagiário sob a supervisão de Odail Figueiredo

 

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