O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, ao participar de um evento online do JP Morgan, na manhã desta quinta-feira (11/02), disse que a autonomia do órgão, aprovada ontem pelo Congresso Nacional, é um bom começo para ampliar a transparência. “Quando os diretores têm autonomia, nós também ficamos autônomos de certa forma e temos mais liberdade para dizer e expressar as ideias técnicas que pensamos. Isso é um bom começo para essa preparação”. Disse ainda que a autonomia melhora também o planejamento da autoridade monetária e a confiança do mercado nos dados.
No momento em que a discussão sobre o auxílio emergencial retorna à agenda política, Roberto Campos Neto voltou a lembrar que qualquer medida de distribuição de renda no país, para combater uma nova onda de contaminação do coronavírus, vai precisar de contrapartidas para não comprometer a estabilidade fiscal do Brasil. “Creio que o Banco Central tem sido muito transparente quanto a essa agenda. Sem contrapartida, esses benefícios podem ter um efeito contrário”, comentou.
Ele reforçou o que já havia alertado sobre o risco de "o tiro sair pela culatra". Ou seja, o perigo de a dívida pública continuar a crescer, assim como haver elevação do prêmio de risco que os investidores vão cobrar. E isso pode ter implicação para a política monetária do BC. As contrapartidas, afirmou, podem vir por meio da aprovação pelo Congresso de medidas de contenção de gasto, como as reformas, para que o país tenha uma maneira de economizar recursos para os programas sociais.
Após a aprovação da autonomia do BC, Campos Neto começa a ser considerado o presidente mais longevo, com a possibilidade de ficar nove anos à frente da instituição, mais tempo do que Henrique Meirelles, que permaneceu por oito anos. Isso porque a regra de transição aprovada ontem, no projeto da autonomia, define que o presidente da República deverá indicar um nome para o BC em até três meses após a sanção do projeto. E o escolhido dever ser o atual presidente Roberto Campos Neto.
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