COMBUSTÍVEIS

Bolsonaro nega interferência na Petrobras e renova críticas aos dirigentes

Chefe do Executivo diz que atual política da empresa é de interesse de alguns grupos e do mercado financeiro. Ele afirma que atual presidente da estatal "passou 11 meses em casa" na pandemia

Ingrid Soares
postado em 23/02/2021 06:00 / atualizado em 23/02/2021 06:21

O presidente Jair Bolsonaro manteve o tom agressivo ao falar, ontem, sobre a troca de comando na Petrobras. Voltou a negar interferência na política de preços da estatal e disse que a atual política de preços da empresa deixa apenas o mercado financeiro feliz. A declaração foi dada a apoiadores na saída do Palácio da Alvorada. “Ele (o presidente da estatal, Roberto Castello Branco) não será reconduzido, e qual o problema? É sinal de que alguns do mercado financeiro estão muito felizes com a política que só tem um viés na Petrobras, que é de atender os interesses próprios de alguns grupos no Brasil, nada mais além disso”, apontou.

Bolsonaro disse que é possível baixar em pelo menos 10% o preço dos combustíveis “sem canetada” E citou a bitributação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que é alvo do governo federal a partir de um projeto de lei enviado ao Congresso há duas semanas. O assunto mexe com a arrecadação dos Estados.

“O ICMS ele incide não só em cima do preço do combustível na refinaria, bem como em cima da margem de lucro dos postos, da margem de lucro das transportadores, bem como em cima de PIS/Cofins, e incide sobre o próprio ICMS. Então se você jogar em cima disso daí, no mínimo 10% reduz o preço dos combustíveis na ponta da linha", afirmou.

O presidente disse ainda que deseja transparência na estatal: “Você vê como é que se comporta a imprensa no Brasil. Falam em interferência minha. Baixou o preço do combustível? Foi anunciado 15% no diesel e 10% na gasolina. Baixou o percentual, está valendo o mesmo percentual? Como é que houve interferência? O que eu quero da Petrobras, e exijo, é transparência e previsibilidade, nada mais”, completou.

Bolsonaro teceu elogios ao indicado para o comando da estatal, o general Joaquim Silva e Luna, exaltando sua eficiência e, na sequência, criticou o atual presidente da Petrobras por trabalhar em regime de home office durante a pandemia de covid-19. Ele afirmou que Castello Branco está “há 11 meses em casa, trabalhando de forma remota”, o que caracterizou como inadmissível. “Agora, o atual presidente da Petrobras está há 11 meses em casa sem trabalhar, né, trabalha de forma remota. Agora, o chefe tem que estar na frente, bem como seus diretores. Isso, para mim, é inadmissível”, emendou.

“Imagine eu, presidente, em casa, com medo da covid, ficando aqui o tempo todo no Alvorada. Não justifica isso daí. Inclusive, o ritmo de trabalho de muitos servidores lá está diferenciado. Ninguém quer perseguir servidor, muito pelo contrário, temos que valorizar os servidores. Agora, o petróleo é nosso, ou é de um pequeno grupo no Brasil?”, indagou.

O presidente continuou as críticas e reclamou do salário dos diretores da estatal. “Alguém sabe quanto ganha o presidente da Petrobras? R$ 50 mil por semana? É mais do que isso por semana. Então, tem coisa que não está certa. Não quero que ele ganhe R$ 10 mil por mês, também não, tem que ser uma pessoa qualificada. Mas não ter este tipo de política salarial lá dentro. E, para ficar em casa, trabalhando de casa. No meu entender, não justifica. Pode até estar fazendo um bom trabalho de casa, mas para mim não justifica essa ausência da empresa”.

Ele alegou ter que precisar “descobrir” sozinho informações sobre questões que impactam no valor do combustível e voltou a atacar os governadores. “Querem culpar a mim pela inflação, a questão o preço de muita coisa, em especial a alimentação; o desemprego também querem culpar a mim (sic), mas quem fechou o comércio não fui eu”, justificou.

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Manifestação contra os aumentos

 (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)
crédito: Ed Alves/CB/D.A Press

Motoristas de aplicativo do Distrito Federal realizaram manifestação na tarde de ontem contra o aumento dos combustíveis e a baixa remuneração dada pelas empresas aos profissionais. Os condutores se manifestaram em frente à Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). Após reunião do líder do movimento, Manoel Scooby, com a deputada Julia Lucy (Novo), os motoristas seguiram em carreata até o centro de atendimento da Uber em Brasília, no Setor Comercial Sul. Depois, a manifestação continuou até o Aeroporto JK. Motoristas de diversos aplicativos, como Uber, Ifood, 99 e InDriver participaram do protesto. Outra manifestação está marcada para 17 de março, desta vez em nível nacional.


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