O Ibovespa fechou a última sexta-feira (26/02) do mês com queda de 1,98%, marcando 110.035 pontos. Com isso, o índice acumulou perda de 6,9% na semana e de 4,2% em fevereiro. A perda dos dois primeiros meses de 2021 soma 7,4%. Discussões em torno de políticas fiscais e movimentações políticas foram os principais motivos de alta volatilidade no mercado.
A última notícia que abalou a confiança dos investidores foi decisão do presidente do Banco do Brasil (BB), André Brandão, de colocar o cargo à disposição do presidente Jair Bolsonaro. Além disso, a alteração no cronograma de tramitação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) Emergencial, que prevê medidas de ajuste fiscal e cria mecanismos para a retomada do auxílio emergencial também gerou desgaste no mercado.
Apesar da mudança de data para a votação da PEC Emergencial, na noite de quinta-feira, (25/02), o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), afirmou, em uma live, que o novo auxílio emergencial se estenderá por quatro meses, num valor de R$ 250, a partir de março. A discussão em torno do auxílio também vinha gerando muita especulação e movimentação entre investidores.
As ações da Vale também movimentaram o mercado, isso porque o resultado do quarto trimestre de 2020 da mineradora tem gerado diferentes interpretações. A Vale divulgou um lucro líquido de US$ 739 milhões no período. O valor ficou bem abaixo da projeção de US$ 6,56 bilhões dos analistas. No ano, o lucro da Vale totalizou US$ 4,88 bilhões.
É válido lembrar que as movimentações no corpo administrativo da Petrobras também têm gerado desconfiança dos investidores, que temem por uma mudança na política de preços da empresa.
Nos Estados Unidos, projeções de inflação mais alta puxam o rendimento dos títulos americanos de longo prazo para cima e forçam onda de realizações na bolsa. Enquanto isso, o dólar comercial, nessa sexta-feira, apresentou alta de 0,79%, a R$ 5,556 na compra e a R$ 5,557 na venda.
O analista da Terra Investimentos Régis Chinchila comentou que os investidores passaram o dia monitorando as ações das estatais e preocupados com os sinais de possível desgaste do ministro da economia, Paulo Guedes.
“A decisão do presidente Jair Bolsonaro de remover Roberto Castello Branco da Petrobras por insatisfação com a política de preços da estatal seria somente o sinal mais visível do afastamento entre ele e a agenda do ministro. A preocupação com o cenário da covid-19 no Brasil também traz incertezas, com estados mostrando maiores restrições e aumento de casos e mortes”, completou.
Durante a semana, o analista disse que as movimentações nos Estados Unidos chamaram a atenção de investidores brasileiros. “Os investidores mostraram aversão ao risco com destaque no cenário internacional para o avanço das taxas de juros nos EUA, com os Treasuries de 10 e 30 anos, que voltaram às máximas de um ano atrás, refletindo o otimismo de que a economia global irá se recuperar com o avanço das campanhas de vacinação contra a covid-19, mas também expectativas de que a inflação ganhará força, o que poderia encorajar bancos centrais a elevar juros.”
Em uma análise do mês de fevereiro, Régis Chinchila lembrou as eleições para os presidentes das duas casas do Congresso Nacional, que aconteceram em 1° de fevereiro, enquanto o mercado ainda estava bastante preocupado, após os acontecimentos da GameStop e outras ações de short selling de grupos organizados no Reddit, além das muitas discussões na política nacional.
“O fechamento do mês para o Ibovespa será negativo, com preocupações crescentes pela baixa atividade, quadro fiscal apertado e impactos na pandemia na economia. Seguimos monitorando sinais de inflação, auxilio emergencial e sinais de interferência do governo Bolsonaro nas estatais”, finalizou Régis Chinchila.
*Estagiária sob supervisão de Odail Figueiredo
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