Inflação

Ipea revisa para 3,7% a projeção de inflação em 2021

Nova estimativa foi motivada pela alta das commodities e pela depreciação cambial. Antes, a estimativa era de 3,5%

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou nesta terça-feira (23/2) a última Nota de Conjuntura sobre inflação, estudo que traz uma previsão da inflação brasileira para 2021, com alta de 3,7%. A última publicação aconteceu em dezembro de 2020 e apontava uma projeção de 3,5% na alta da inflação. Segundo especialistas, o aumento é motivado pela inflação corrente um pouco mais elevada, estabilização das cotações internacionais de commodities em nível acima do projetado anteriormente e taxa de câmbio média mais alta que estimada em dezembro.

Com base nesses fatores, o documento apresentado pelo Ipea explica que tanto a projeção de inflação de alimentos no domicílio quanto a dos demais bens livres foram revisadas para cima. No caso dos alimentos, a alta projetada passou de 3,0% para 4,4%, enquanto a variação dos demais bens livres avançou de 2,7% para 3,0%.

Em relação aos serviços livres, apenas as expectativas de inflação da educação não recuaram. No geral, no setor de serviços livres, as taxas passaram de 4,0% para 3,6% devido à desaceleração da demanda observada desde o fim do ano passado. “Nota-se, entretanto, que, apesar da redução das projeções de inflação, esse segmento deve encerrar o ano com uma variação acima da observada em 2020 (1,8%), constituindo-se no principal fator de alta do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) em 2021”, diz o estudo.

Os preços administrados, que incluem os preços da energia elétrica e dos combustíveis, também devem exercer uma pressão maior sobre a inflação durante o ano. De acordo com a previsão da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas (Dimac), do Ipea, a alta projetada para esse grupo de preços é de 4,4%. Em dezembro, essa projeção era de 4,0%.

Energia elétrica e transporte

Além disso, a nota também informa que as estimativas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) sinalizam uma desaceleração da inflação em 2021, comparativamente a 2020. “Segundo as projeções realizadas, o INPC deve encerrar o ano com variação de 3,4%, sendo pressionado, sobretudo, pelos preços administrados (4,8%), em especial energia elétrica e transporte público. No caso dos alimentos no domicílio, grupo de grande peso na constituição do INPC, a previsão para o ano é de alta de 4,4% — bem abaixo da observada no ano passado (18,2%)”, explica trecho do estudo.

A pesquisa também ressalta que o balanço de riscos para uma alta da inflação em 2021, acima da projetada, ainda se faz presente e está baseado em uma piora das expectativas em relação à economia brasileira, e seus impactos sobre a taxa de câmbio, além de um cenário de crescimento mais intenso dos preços das commodities no mercado internacional.

*Estagiária sob a supervisão de Andreia Castro

 

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