PIB

Economia celebra PIB de -4,1%, mas admite cenário desafiador em 2021

Para a Secretaria de Política Econômica, resultado do PIB aponta para uma recuperação em V da economia no segundo semestre de 2020

Marina Barbosa
postado em 03/03/2021 11:57
 (crédito: JOSE DIAS)
(crédito: JOSE DIAS)

A Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia afirmou que o tombo de 4,1% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2020 foi "moderado" e indica uma "recuperação em V" da economia brasileira. Porém, admitiu que as "incertezas econômicas continuam elevadas" em 2021.

Em nota técnica publicada nesta quarta-feira (3/3), logo depois de o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgar os dados do PIB do Brasil em 2020, a Secretaria de Política Econômica lembrou que o tombo de 4,1% é reflexo da crise do novo coronavírus e foi menor que o projetado no início da pandemia. A SPE ressaltou que, em junho do ano passado, enquanto o Boletim Focus apontava para uma retração de 6,6% do PIB do Brasil, o Banco Mundial apostava em uma queda de 8,1% e o Fundo Monetário Internacional falava de um baque de 9,1%.

"Esses resultados do PIB corroboram a recuperação das expectativas de melhora da atividade econômica ao longo do segundo semestre de 2020 e demonstram o acerto das medidas adotadas de enfrentamento à covid-19 e a pronta reação da economia brasileira. Apesar da queda no ano, devido aos efeitos da pandemia, nota-se que o resultado do PIB foi bem melhor que as projeções de mercado, em especial quando se compara com a estimativa da mediana", destacou a SPE.

A secretaria acredita, então, que ainda é possível falar em uma "recuperação em V" da economia brasileira. Isso porque, depois do baque recorde de 9,6% no segundo trimestre, o PIB do Brasil cresceu 7,7% no terceiro trimestre e 3,2% no quarto trimestre, acima das expectativas do mercado. A SPE calcula que, depois de cair 6,4% no primeiro semestre, a economia brasileira teve "expressiva recuperação" de 4,1% no segundo semestre. "Confirmou-se a recuperação da economia na forma de 'V', revertendo o pior resultado histórico observado no 2T20 e fazendo a economia se aproximar ao patamar anterior à pandemia (-1,1% em relação ao 4T19)", avaliou a SPE.

A pasta ainda destacou que "na comparação internacional, o PIB do Brasil em 2020 teve recuo moderado (-4,1%), melhor que os -5,0% da média de países selecionados". "O Brasil apresentou resultado melhor que outros países da América Latina, como México (-8,7%) e Colômbia (-6,8%), e países do G7, a exemplo do Reino Unido (-9,9%), da Alemanha (-5,3%) e do Japão (-4,8%). O PIB do Brasil ficou também relativamente próximo do desempenho dos EUA em 2020 (-3,5%)", listou a SPE.

Incertezas em 2021

A Secretaria de Política Econômica admitiu, no entanto, que "as incertezas econômicas continuam elevadas" e indicam que "o primeiro trimestre deste ano será desafiador". Por isso, defendeu o avanço da vacinação contra a covid-19, das reformas econômicas e do ajuste fiscal, que, segundo a equipe econômica, hoje passa pela aprovação de medidas de cortes de gastos paralelamente à volta do auxílio emergencial.

"É fato que o início de 2021 está sendo marcado pela continuidade da pandemia da covid-19, especialmente com elevada perda de vidas humanas. As incertezas econômicas continuam elevadas e, principalmente, o primeiro trimestre será desafiador", comentou a SPE. Ainda assim, a a pasta acredita que será possível manter o ritmo de crescimento observado no segundo semestre de 2020 ao longo deste ano de 2021.

"A recuperação da atividade econômica, do emprego formal e do crédito, aliada ao aumento do investimento, pavimenta o caminho para que a economia brasileira continue avançando em 2021", explicou a SPE. "A manutenção da política monetária em terreno acomodatício, a expansão da vacinação, a consolidação fiscal e a continuidade das reformas estruturais possibilitarão a elevação da confiança e maior vigor da atividade ao longo do ano", acrescentou a pasta.

Como mostrou o Correio, no entanto, o mercado projeta uma queda do PIB neste primeiro trimestre de 2021, já que o recrudescimento da pandemia e o fim do auxílio emergencial têm reduzido o ritmo da atividade econômica neste início de ano. Alguns analistas já falam, inclusive, em um PIB negativo no segundo trimestre, já que a vacinação ainda não permite o retorno seguro de muitas atividades econômicas.

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