CONJUNTURA

Fed mexe com o humor da B3

Mercado vinha se comportando bem, satisfeito com a aprovação da PEC Emergencial e que o Bolsa Família ficou dentro do teto de gastos. Mas bastou Jerome Powell avisar que os EUA vão demorar para se recuperar para influenciar nos resultados

Vera Batista
postado em 04/03/2021 22:02 / atualizado em 04/03/2021 22:02
 (crédito: Nelson Almeida/AFP)
(crédito: Nelson Almeida/AFP)

Quando tudo parecia que ia se acalmar no mercado acionário brasileiro, com as notícias da aprovação da PEC Emergencial pelo Senado, o movimento de alta do Ibovespa –– índice que mede o desempenho das principais ações da Bolsa de Valores (B3) –– sofreu o impacto que veio do exterior, com as declarações do presidente do Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano), Jerome Powell. Ele alertou que a economia dos Estados Unidos vai trilhar um longo caminho antes da recuperação e que a política monetária se manterá acomodada até que se retorne ao patamar do pleno emprego no país. Com isso, a B3 reduziu os ganhos e o real se desvalorizou frente ao dólar.

Ao fim, a B3 conseguiu sustentar alta de 1,35%, aos 112.690 pontos tendo oscilado entre mínima de 111.163 e máxima de 114.433 pontos, com giro financeiro reforçado de R$ 52,1 bilhões. Nesta primeira semana de março, o Ibovespa avança 2,41%, segurando as perdas do ano em 5,32%.

Já o dólar, depois de bater em R$ 5,67, encerrou o dia a R$ 5,658 para compra e a R$ 5,66 para a venda, com queda de 0,12%. “O mercado estava bem na largada, repercutindo a possibilidade de controle fiscal. Mas as declarações do Powell trouxeram oscilações e temor nos investidores. Infelizmente é assim. Qualquer mudança estressa e desestabiliza os que querem aplicar”, afirmou Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset.

Os próximos dias, afirmou Vieira, deverão ser de grande expectativa, pois a tramitação da PEC Emergencial ainda não está encerrada –– será analisada pela Câmara dos Deputados. “Há algum tempo, a questão política vem contaminando a economia. Ainda precisamos constatar como as coisas vão se arrumar no Congresso”, reforçou.

A confirmação de que o Bolsa Família ficou dentro do teto de gastos contribuiu para afastar, de momento, o pior cenário antecipado pelo mercado, de descontrole das contas públicas em benefício de uma guinada populista, não comprometida com a responsabilidade fiscal. “Tudo que envolve contabilidade criativa para financiar gastos públicos é motivo para uma resposta negativa do mercado”, observou Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora.

Para André Perfeito, economista-chefe da Necton Investimentos, “o bom andamento da PEC Emergencial deve manter o bom humor do investidor no curto prazo”. Ele lembrou que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), anunciou que a proposta de emenda constitucional, aprovada ontem pelos senadores, foi recebida pela Casa e começará a ser discutida na próxima terça-feira, com votação prevista para o dia 10. A relatoria está a cargo do deputado Daniel Freitas (PSL-SC), que pertence à ala bolsonarista do partido e deverá manter o texto que veio do Senado.

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