O varejo confirmou a perda de fôlego no início de 2021, afetado pelo recrudescimento da pandemia de covid-19, aliada ao fim do pagamento do auxílio emergencial e aos aumentos acumulados nos preços dos alimentos nos últimos meses. As vendas, em janeiro, recuaram 0,2% em relação ao mês anterior, após perdas também em dezembro (-6,2%) e novembro (-0,1%), de acordo com a Pesquisa Mensal de Comércio, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
No varejo ampliado, que inclui as atividades de veículos e material de construção, o volume vendido encolheu 2,1% em janeiro ante o mês anterior, depois de já ter diminuído 3,1% em dezembro. “Por mais que as vendas on-line tenham avançado significativamente desde o início da pandemia, o setor ainda depende primordialmente das vendas presenciais. Portanto, o combate errático à crise sanitária tende a prolongar os níveis atuais de isolamento social”, prevê o economista Fabio Bentes, da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), no relatório em que reduziu de 3,5% para 3,1% a expectativa de aumento no volume de vendas do varejo em 2021.
Na passagem de dezembro para janeiro, cinco das oito atividades que integram o varejo tiveram recuo nas vendas: livros e papelaria, vestuário e calçados, móveis e eletrodomésticos, supermercados e combustíveis. Após meses de recordes de vendas, as perdas recentes fizeram o volume vendido em janeiro ficar 0,4% abaixo do nível de fevereiro de 2020, no pré-pandemia. No varejo ampliado, as vendas operam 2,1% abaixo do pré-pandemia.
Em janeiro, 9,1% das empresas varejistas que integraram a pesquisa relataram que o isolamento social afetou a receita no mês. Em dezembro, essa proporção de empresas com queixas era de apenas 3,5%. A fatia de empresas afetadas vinha se reduzindo gradualmente desde maio do ano passado.
Em janeiro, as restrições ao funcionamento de atividades e à circulação de pessoas para conter a disseminação do novo coronavírus foram sentidas no varejo, especialmente nos estados de Amazonas e São Paulo. Houve maiores perdas nos segmentos de vestuário, combustíveis e móveis e eletrodomésticos.
O fim do pagamento do auxílio emergencial à população mais vulnerável e a inflação de alimentos tiveram reflexos negativos principalmente sobre a atividade de supermercados, que vendeu 1,6% menos em janeiro ante dezembro. Apesar da perspectiva de um novo auxílio emergencial a ser pago pelo governo, o varejo ainda pode ser afetado por novas medidas de isolamento e lockdown, alertou Cristiano Santos, gerente da pesquisa do IBGE.
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