Itamaraty

Especialistas esperam avanços na diplomacia após saída de Araújo

Uma das expectativas é o estreitamento das relações comerciais com a China, depois dos sucessivos desgastes com o país asiático. Espera-se ainda pacificação com o Congresso. Crise com senadores culminou na demissão do embaixador 

Fernanda Strickland
Gabriela Bernardes*
postado em 31/03/2021 00:09
 (crédito: Evaristo Sá/AFP)
(crédito: Evaristo Sá/AFP)

Com a saída de Ernesto Araújo do Ministério das Relações Exteriores, abre-se uma possibilidade para o Brasil recuperar o terreno perdido na diplomacia. Especialistas ouvidos pelo Correio relatam, por exemplo, a importância de reforçar os laços econômicos com a China, parceiro comercial com o qual o ex-chanceler acumulou desgastes.  

Arthur Barrionuevo, especialista em economia industrial e políticas de competição da Fundação Getulio Vargas (FGV), explica que a postura de Ernesto Araújo atrapalhou negociações agropecuárias com a potência econômica asiática. “A China, como grande importadora das commodities que o Brasil exporta, e parceira importante para importação de produtos industriais, entre outras coisas mais, é um dos principais aliados do país, juntamente com os Estados Unidos. Com a declaração que o ex-ministro fazia, ele provocava um mal estar nessa relação Brasil-China” , comentou.

Em abril de 2020, o chanceler declarou que o país asiático se beneficiaria com a crise causada pelo coronavírus, por meio da tentativa de “instaurar o comunismo”. A mensagem foi publicada no blog pessoal de Araújo e reproduzida em uma publicação no Twitter. Em resposta à fala, o presidente da Frente Parlamentar Brasil-China, deputado Fausto Pinato (PP-SP), ameaçou pedir a destituição de Ernesto Araújo do cargo de ministro.

Relação com o Congresso

Para Barrionuevo, um nome mais habilitado à frente do Ministério das Relações Exteriores pode colaborar para acordos mais amigáveis: “Para agronegócio brasileiro, ter uma pessoa mais ponderada no ministério certamente vai ajudar. Um ministro mais hábil, mais experiente”, avaliou.

O embaixador Carlos Alberto Franco França foi anunciado para substituir Ernesto Araújo no Itamaraty. França iniciou a carreira diplomática em 1991 e aproximou-se de Bolsonaro quando chefiou o cerimonial do Palácio do Planalto. Posteriormente, comandou a assessoria especial da Presidência.

Heloïse Sanchez, da Equipe de Análise da Terra Investimentos, também espera uma melhora nas relações diplomáticas do Brasil com a saída de Ernesto Araújo. Ela acredita, ainda, em um distensionamento com o Congresso Nacional. “Carlos França é um diplomata com mais de 30 anos de experiência, trabalhando anteriormente na Bolívia, Paraguai e Estados Unidos, com isso a comunicação tanto com esses países, como com o Congresso Nacional, acaba ficando em um cenário mais favorável e pacífico com essa mudança”, avaliou.

*Estagiárias sob a supervisão de Carlos Alexandre de Souza 

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