A Petrobras anunciou, ontem, que reajustará em 39% o preço do gás natural, a partir de 1º de maio. Embora esse aumento não se refira ao combustível que é usado para cozinhar — se aplica àquele utilizado na produção industrial e também serve para carros e caminhões —, o impacto será sentido no bolso do consumidor. Isso porque encarecerá os custos de produção, que, naturalmente, serão repassados aos cidadãos, num momento de perda de renda devido à crise sanitária vivida pelo país.
A variação do gás natural é em função da aplicação das fórmulas dos contratos de fornecimento, que vinculam o preço à cotação do petróleo e à taxa de câmbio — conforme explicou a estatal, acrescentando que as atualizações dos preços são trimestrais. Com relação aos meses de maio, junho e julho, a referência adotada foram os preços de janeiro, fevereiro e março.
Regis Chinchila, analista da Terra Investimentos, explicou que o novo aumento vai resultar em baque inflacionário, sobretudo por causa da queda da renda média do brasileiro. “O preço das commodities internacionais continuam subindo, com expectativa de recuperação das economias desenvolvidas (impactos da covid-19), enquanto o cenário da economia brasileira tem muitas incertezas, e deixa o dólar valorizado contra o real”, observou. Ele salientou que “o aumento não afeta o gás liquefeito de petróleo (GLP), o chamado gás de cozinha, que subiu 5% no último sábado e já acumula alta de 22,7%, em 2021”.
Nota da Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás), distribuída ontem, alerta que a alta chegará ao consumidor, apesar de as empresas não lucrarem mais por causa disso. “Ao contrário, acabam tirando competitividade do gás natural em relação a outras fontes de energia, como a gasolina, o óleo combustível, GLP e eletricidade”, observou.
A Petrobras continua sendo a única fornecedora de gás natural e, com o monopólio, não apenas impede a concorrência, como, por atrelar o combustível às variações contatuais do mercado internacional, não permite que o preço diminua. Segundo a Associação Brasileira dos Grandes Consumidores de Energia e Consumidores Livres (Abrace), a alta nos preços da estatal ainda superou expectativas de especialistas — estava prevista uma elevação de até 35% no valor do gás para os distribuidores.
*Estagiária sob a supervisão de Fabio Grecchi
35%
era o aumento máximo estimado pela Abrace para o gás utilizado na indústria e nos veículos
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LG desiste dos celulares e demissões virão
O conglomerado sul-coreano LG deixará o mercado de telefones celulares para focar em segmentos mais rentáveis, como o de carros elétricos e casas inteligentes. A decisão é global, mas impacta diretamente a operação da companhia no Brasil, pois produz aparelhos móveis em Taubaté (SP) e 400 dos aproximadamente mil funcionários da fábrica devem ser afetados com o fim da produção.
A saída da LG do setor de celulares vinha sendo gestada pela cúpula da empresa, pois, nos últimos anos, a participação e a rentabilidade da companhia no segmento caíram. Por isso, a retirada foi aprovada, ontem, pelo Conselho de Administração da empresa em Seul, que calcula ter sofrido uma perda de US$ 4,4 bilhões no segmento de celulares só entre 2015 e 2020.
“A decisão estratégica da LG de sair do setor de telefonia móvel incrivelmente competitivo permitirá à empresa concentrar recursos em áreas de crescimento, como componentes de veículos elétricos, dispositivos conectados, casas inteligentes, robótica, inteligência artificial e soluções business-to-business, bem como plataformas e serviços”, justificou a empresa.
A saída do mercado de celulares deve ser concluída até 31 de julho. A LG Eletronics do Brasil disse em nota que “como uma companhia que valoriza profundamente a contribuição de cada funcionário, cliente e parceiro LG, nós comunicaremos de forma aberta e transparente durante este processo, buscando uma abordagem justa e pragmática, enquanto atendemos as obrigações jurídicas. É com tristeza que compartilhamos esta notícia com os nossos clientes e parceiros que ao longo de todos estes anos nos demonstraram confiança e nos deram apoio”.
A companhia ainda não confirmou quantos funcionários podem ser demitidos no Brasil, mas o Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté e Região (Sindmetau) calcula que 400 dos mil funcionários da fábrica no interior paulista estão alocados na produção de celulares. Por isso, os trabalhadores estão em estado de greve desde 26 de abril e têm reunião, hoje, com a direção da empresa para tentar evitar demissões.
No Brasil, o conglomerado sul-coreano mantém uma fábrica em Manaus de eletrodoméstico e, por isso, não será afetada pela decisão da matriz.