MERCOSUL

Guedes defende flexibilização de acordos comerciais do Mercosul

Governo brasileiro também já propôs a redução de tarifa da redução do bloco, composto por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai

Marina Barbosa
postado em 23/04/2021 16:55 / atualizado em 23/04/2021 16:57
 (crédito: Edu Andrade/Ascom/ME)
(crédito: Edu Andrade/Ascom/ME)

O ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu a flexibilização dos acordos comerciais do Mercado Comum do Sul (Mercosul) nesta sexta-feira (23/4). Ele entende que os membros do bloco precisam de liberdade para fazer acordos comerciais com outros países e, assim, seguirem o que acham "mais conveniente" para suas economias.

"Queremos fazer uma modernização do Mercosul, permitir a liberdade de negociação aos seus membros. Claro que, se estamos juntos, somos mais fortes e faremos um dos blocos mais importantes de comércio do mundo. Estamos de mãos dadas com os argentinos tentando o acordo com a União Europeia. Não obstante, gostaríamos conversar com esse grande bloco que se fez agora na Ásia, gostaríamos de prosseguir nas nossas conversas com Canadá, Japão, Coreia do Sul, etc", defendeu Guedes, em sessão temática realizada pelo Senado Federal para tratar dos 30 anos do Mercosul.

Segundo Guedes, essa liberdade de negociação é necessária para que os membros do Mercosul "tenham a possibilidade de achar o que é mais conveniente" e para que o bloco não se transforme em um impedimento à abertura comercial dos seus integrantes — Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. "Que cada um possa se mover um pouco na direção que lhe parece mais conveniente. Se a ideia foi facilitar o comércio, não gostaríamos que o acordo impedisse a facilitação do comércio e a integração, que era o objetivo inicial", defendeu o ministro da Economia.

A postura de Guedes reflete, contudo, a discordância com a política econômica adotada pela Argentina, como já indicou o secretário especial de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Roberto Fendt. No mês passado, Fendt disse, em um evento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que o Brasil não pode ficar "amarrado" à Argentina, já que "há diferenças de modelo de desenvolvimento entre nós e a Argentina".

Tarifa

O governo brasileiro também propôs ao Mercosul a revisão da Tarifa Externa Comum (TEC). A ideia é reduzir em 10% a tarifa e, de acordo com Guedes, mostraria que os países do bloco estão dispostos a avançar na integração comercial. "Se tem uma tarifa de 30% e baixa 10%, baixa para 27%. Não machuca ninguém, é só para manter todo mundo aquecido", alegou Guedes.

Novo chanceler brasileiro, Carlos Alberto França classificou a proposta como "moderada e pragmática". Ele explicou que a TEC nunca passou por uma revisão integral e, hoje, é uma das maiores tarifas do mundo. França disse, então, que a redução da TEC será discutida em uma reunião dos ministros da Economia e das Relações Exteriores dos países que compõem o Mercosul, na próxima semana.

Na sessão do Senado, o novo chanceler brasileiro também destacou as diferenças entre os países que compõem o Mercosul: "É fundamental lembrarmos que somos integrados por países em desenvolvimento, com estruturas econômicas díspares. Os países são sujeitos a padrões cíclicos de crescimento, muitas vezes divergentes entre si. Torna-se, assim, particularmente complexa, desafiadora e necessariamente gradual a tarefa de levar adiante um projeto de integração profunda".

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