CORREIO TALKS

País precisa de política industrial de Estado, diz presidente de federação

"Vamos criar condições equânimes antes de cobrar da indústria tantas respostas", disse Ricardo Alban, da Federação das Indústrias do Estado da Bahia. Ele participou de debate promovido pelo Correio sobre a setor químico

Sarah Teófilo
postado em 06/05/2021 20:12
 (crédito: Reprodução/Youtube)
(crédito: Reprodução/Youtube)

O presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), Ricardo Alban, disse, nesta quinta-feira (6/5), que o Brasil precisa de uma política industrial de Estado. “Não estou falando de política industrial nos moldes de antigamente, baseada apenas em incentivo fiscal. Mas uma política industrial de Estado, onde se vê o encadeamento produtivo, onde se entenda quais são os posicionamentos estratégicos e se busque a competitividade. Não apenas que a empresa seja eficiente, mas que dê as condições de competitividade”, afirmou.

As falas ocorreram durante o seminário Correio Talks sobre a importância do setor químico, promovido pelo Correio em parceria com a Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim). De acordo com Alban, é preciso criar “condições equânimes antes de cobrar da indústria tantas respostas das quais ela já vem sofrendo esse processo claro de desindustrialização”.

O presidente ressaltou que não se pode ter, como acontece hoje, uma matriz energética que deveria ser uma das mais baratas do mundo, mas que é o inverso. Segundo ele, o gás, “que não é só insumo energético, mas é também matéria-prima fundamental”, é um dos mais caros. “Há algum tempo nos foi prometido que o gás cairia sensivelmente de preço. Estamos vendo um processo inverso”, reclamou.

Ele pontuou que o fenômeno não acontece apenas em razão da variação do petróleo ou do dólar. “O movimento do dólar pode ter ajudado, mas o petróleo teve uma descida e recuperou agora um pouco acima do patamar em que estava", justificou.

Diálogo institucional

Alban ressaltou que é importante manter o diálogo entre o setor e as instituições políticas. “O Congresso é a nossa voz, é a voz de toda a indústria brasileira, não temos dúvida. Gostaríamos de ver o Congresso ter essa mesma empatia conosco como tem com o agronegócio, que é de capital importância, e vamos trabalhar juntos. Não é só a federação do estado da Bahia, mas tenho certeza que do Alagoas, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, de São Paulo… Estamos empenhados em trabalharmos juntos e darmos essa demonstração de convergência. Nós queremos encontrar a equação certa para darmos garantia à competitividade da nossa indústria química e petroquímica, mas de uma forma racional, razoável e negociável. Precisamos aprender a dialogar”, pontuou.

Alban afirmou que o setor químico e petroquímico, importante para o Brasil, é essencial na Bahia. “Não só porque acabamos de perder um complexo automotivo forte, que tem um peso importantíssimo para nossa economia. Estamos agora num processo de assunção da gestão por parte do fundo Mubadala, da refinaria. E provavelmente a nossa grande central, a Braskem, como em outros estados, deve passar por um processo sucessório de acionistas", disse.

Segundo ele, "toda essa conturbação vai afetar decisões estratégicas ao longo desse tempo, quer sejam de investimentos da refinaria, quer seja o próprio processo de venda do complexo aqui Braskem, em outros estados e até em outros países".

O presidente da Fieb relatou que o setor de indústria química, que tem as vertentes petroquímicas e farmacêutica, "se mostrou de capital importância e estratégica para o país" durante a pandemia. "Essa crise de Saúde mostrou o quão é importante nós estarmos capacitados para termos um encadeamento produtivo necessário para nos dar uma segurança de produção de todas as demandas que podemos fazer", ressaltou.

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