Com a expectativa para divulgação dos números de inflação, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o mercado financeiro elevou a estimativa de inflação em 2021. Nesta segunda-feira (10), o Banco Central (BC) divulgou o Boletim Focus, que trouxe um aumento das expectativas de 5,04% para 5,06%, após alta na última semana. Para 2022, a projeção permaneceu em 3,61%.
O relatório trouxe ainda a projeção para o IPCA em 2023, que continuou em 3,25%. Já para 2024, a expectativa também permaneceu em 3,25%, respeitando as projeções do mês passado em ambos os casos. O Boletim Focus é divulgado toda segunda-feira pelo BC e traz as expectativas do mercado para os principais indicadores econômicos do país.
A previsão de inflação do mercado continua acima da meta de inflação do Banco Central que, com intervalo de tolerância de 1,5, é de 3,75% em 2021 e 3,50% em 2022, fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia.
Em 2020, pressionado pelos preços dos alimentos, o IPCA ficou em 4,52%, acima do centro da meta para o ano, que era de 4%, mas dentro do intervalo de tolerância. Foi a maior inflação anual desde 2016.
Em março, na primeira elevação em quase seis anos, a taxa básica da Selic subiu para 2,75% ao ano. Na semana passada, o Copom elevou o juro para 3,5% ao ano.
Agora, as expectativas do mercado se mantiveram em 5,50% ao ano e a previsão para a Selic no fim de 2021. Para o fim de 2022, a perspectiva é de 6,25% ao ano, o que pressupõe continuidade da alta do juro básico no próximo ano.
Após sete semanas de diminuições, a expectativa para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2021 aumentou de 3,04% para 3,09%. Para 2022, a projeção foi mantida em 2,34%, após alta na última semana.
Minério de ferro
A economista-chefe da Reag Investimentos, Simone Pasianotto, explica que o preço futuro do ácido do minério de ferro como referência na China, teve valor recorde nesta segunda-feira (10/05). “Basicamente, esses números recordes hoje, tem pautado em meio a uma demanda forte, a muita preocupação de se a oferta vai atender essa demanda e também devido às expectativas de alta na inflação que estimulam e alimentam compras especulativas. Temos esses 3 fatores que estão puxando o preço futuro do ácido minério de ferro, referência na China para cima: Aumento da demanda, Preocupação se a oferta vai atender e Compras especulativas”, explica.
Simone entende que a situação é um pouco da distorção dos fundamentos econômicos. "Os agentes econômicos que atuam nesse mercado futuro de derivativos de minério de ferro, eles não estão muito pautados, basicamente com os fundamentos econômicos. Aqui há uma lição forte de economia comportamental, no qual eu entendo que eles estão sendo movimentados muito por esse movimento especulativo aqui de expectativas de uma forte retomada da economia chinesa e com receios de que a oferta não atenda, além de uma compra especulativa devido a inflação doméstica e global”, afirma.
Pasianotto diz que vê que esses participantes estão negociando esses derivativos de minério e ferro. “Como se fossem derivativos de especulação do mercado financeiro. Sem uma base fundamentada sólida, e muito por conta do efeito manada. É algo para se preocupar e muito provavelmente vamos ter algum desdobramento para as próximas semanas”.
De acordo com a economista, esses saltos nos índices futuros de minérios, foram impulsionadas preocupações de que a oferta vai atender adequadamente uma demanda robusta por ácido, após recuperação econômica após a pandemia. “Isso tensiona preços. Os preços da demanda de ferros devem seguir pressionados e devem renovar o recorde histórico desta segunda-feira, que chegou a 230 dólares a tonelada. Outro ponto que é relevante, é que essa forte alta foi generalizada, não foi para um tipo específico de commodities. Com o valor em 230 dólares teve uma valorização de quase 9%”, informa.
*Estagiárias sob a supervisão de Carlos Alexandre de Souza
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