SINAL AO MERCADO

Ata do Copom mantém alta de 0.75 na Selic em junho

Na última reunião, realizada em 4 e 5 de maio, o Copom elevou a taxa Selic de 2,75% para 3,50% ao ano e ainda sinalizou nova alta de 0,75 ponto percentual na reunião de junho, o que elevará os juros para 4,25% anuais

Rosana Hessel
postado em 11/05/2021 22:55 / atualizado em 11/05/2021 22:56
 (crédito: Ömer Haktan Bulut/Unsplash)
(crédito: Ömer Haktan Bulut/Unsplash)

O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, reforçou, na ata divulgada nesta segunda-feira (11/5), que mantém o ritmo de alta da taxa básica da economia (Selic) e reiterou que conduzirá um processo de “normalização parcial” dos juros, ou seja, uma alta da Selic em duas etapas.

Na última reunião, realizada em 4 e 5 de maio, o Copom elevou a taxa Selic de 2,75% para 3,50% ao ano e ainda sinalizou nova alta de 0,75 ponto percentual na reunião de junho, o que elevará os juros para 4,25% anuais. A decisão foi unânime e essa sinalização foi confirmada na ata, mais enxuta.

No documento, com quatro parágrafos a menos do que o da reunião anterior, em março, o colegiado reafirmou que manterá o mesmo ritmo de elevação da Selic na próxima reunião, em junho, e “considerou diferentes trajetórias de normalização de juros”. “Levando em conta o cenário básico e o balanço de riscos, o Comitê avaliou que, na próxima reunião, seria adequado outro ajuste da mesma magnitude, caso não haja mudança nos condicionantes de inflação”, informou. Adicionalmente, observou que elevações de juros subsequentes, sem interrupção, até o patamar considerado neutro implicam “projeções consideravelmente abaixo da meta de inflação no horizonte relevante”, ou seja, para 2022 e 2023. “O Copom reafirmou que essa visão para as próximas reuniões pode ser alterada caso haja mudança nas projeções de inflação ou no balanço de riscos, uma vez que a decisão continuará dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos, e das projeções e expectativas de inflação”, complementou a ata.

Para o economista-chefe do Banco Alfa, Luis Otávio de Souza Leal, essa sinalização foi o principal ponto da ata. “Ao contrário do que boa parte do mercado achava, de que ele iria dar um viés para um ajuste total, ele dá mais força para o ajuste parcial”, afirmou.

No documento, o Comitê voltou a afirmar que o cenário básico apresenta riscos “em ambas as direções” e reforçou a preocupação com a questão fiscal. Em relação à retomada da atividade, demonstrou mais otimismo, informando que, apesar de a intensidade da segunda onda da pandemia ter sido maior que a esperada, “os últimos dados disponíveis de atividade têm surpreendido positivamente”. Ainda destacou que a vacinação será a chave para uma retomada mais robusta ao longo do ano. “O segundo semestre do ano deve mostrar uma retomada robusta da atividade, na medida em que os efeitos da vacinação sejam sentidos de forma mais abrangente”, informou a ata do Copom.

Tom positivo

Na avaliação da economista Alessandra Ribeiro, sócia da Tendências Consultoria, além de reiterar a nova alta de 0,75 pontos percentuais em junho e a justificativa de uma “normalização parcial” da política monetária, o texto da ata trouxe “um tom mais positivo quanto ao desempenho da economia brasileira, ainda que a retomada seja vista como heterogênea entre setores”. “O quadro atual continua compatível com a intenção da normalização parcial da postura monetária neste ano, com a leitura de que a economia ainda irá requerer algum grau de suporte no segundo semestre”, afirmou. Ela prevê a Selic encerrando o ano em 5%.

A mediana das previsões do mercado para os juros básicos em dezembro está em 5,5% ao ano, abaixo da taxa estimulativa para atividade, de 6,5%, estimada pelos analistas.

O economista-chefe da RPS Capital, Gabriel Leal de Barros, acredita que o BC conseguirá fazer esse ajuste parcial na Selic, desde que não ocorra um retrocesso fiscal e político e nem uma terceira onda de covid-19. Segundo ele, a retomada e a expectativa de avanço das reformas tributária e administrativa podem contribuir para um certo otimismo do mercado, mas fez ponderações. “Os riscos fiscais e políticos e a antecipação do calendário eleitoral de 2022, no entanto, são riscos que podem anular o cenário mais construtivo no curto prazo e prejudicar o trabalho do BC de entregar algum estímulo monetário neste ano e a inflação na meta em 2022”, alertou Barros, que prevê Selic em 5,5% no fim do ano.

 

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação