CONJUNTURA

Caixa lucra R$ 4,6 bilhões

Resultado líquido do primeiro trimestre aumentou 50,3% em relação ao do mesmo período do ano passado. Crescimento do crédito imobiliário (103%) e dos empréstimos para pequenas e médias empresas (125,9%) foram destaques do balanço

Correio Braziliense
postado em 13/05/2021 00:05
 (crédito: Marcello Casal JrAgência Brasil)
(crédito: Marcello Casal JrAgência Brasil)

A Caixa Econômica Federal apresentou lucro líquido recorrente de R$ 4,6 bilhões no primeiro trimestre de 2021, montante 50,3% maior que no mesmo período do ano passado. A carteira de crédito alcançou R$ 799,6 bilhões, com avanço de 14,3% em um ano. Um destaque foi para contratação de R$ 12,9 bilhões em crédito consignado, maior valor para o período em 10 anos. Houve salto também para o crédito imobiliário, cujo saldo mais do que dobrou em um ano (+103,1%) e alcançou R$ 16,2 bilhões no período.

O presidente da instituição, Pedro Guimarães comemorou os resultados, que foram divulgados ontem pela manhã. À tarde, em solenidade no Palácio do Planalto para anunciar projetos ambientais do banco, ele fez questão de afirmar que os balanços da Caixa passaram a ter “nota 10” das auditorias. E destacou que os resultados positivos ocorreram “depois que o banco reduziu a taxa do cheque especial de 14% ao mês para 1,8% mensais”. A instituição consegue apresentar os resultados sem questionamentos das auditorias independentes, algo que não ocorria nas gestões anteriores. “É até difícil comparar o resultado com os balanços anteriores, porque tinham ressalvas”, disse.

Na última terça-feira, a Caixa Seguridade, braço de seguros do grupo, que abriu o capital na Bolsa de Valores de São Paulo no mês passado, anunciou lucro de R$ 431,7 milhões no primeiro trimestre, valor 4,3% maior que no mesmo período de 2020.

No balanço divulgado ontem, a Caixa destacou ainda os empréstimos a pequenas e médias empresas, que saltaram 125,9% em um ano, para R$ 49 bilhões, e o crédito concedido ao agronegócio, investida recente do banco, que encerrou março com saldo de R$ 8,7 bilhões em carteira, volume 47,1% superior ao de um ano antes.

A expansão dos empréstimos nas diversas linhas ocorreu juntamente com a redução da inadimplência. O volume de créditos em atraso por mais de 90 dias ficou em 2,04% nos primeiros três meses deste ano, 1,1 ponto porcentual a menos do que um ano antes.

O banco também busca cortar despesas. Somente a devolução de 44 edifícios rendeu R$ 119 milhões à Caixa, nos primeiros três meses do ano. A quantidade de prédios administrativos utilizados já foi reduzida em 113, para um total 135 unidades. “Nosso objetivo é ter o mínimo de prédios administrativos e agências próprios”, afirmou Guimarães. A ideia é reduzir o número atual praticamente à metade até o fim do ano.

Meio ambiente
Na solenidade no Planalto, a Caixa anunciou que investirá R$ 150 milhões na preservação de 3,5 milhões de hectares de florestas por meio do programa Adote um Parque, instituído pelo governo federal em fevereiro passado. De acordo com Guimarães, a medida faz parte de uma nova estratégia da Caixa para ampliar investimentos na área socioambiental. “Este é um programa de escala para o meio ambiente”, afirmou. Segundo ele, “mais de 3,5 milhões de hectares” serão preservados pela iniciativa, que ainda prevê o plantio de 10 milhões de árvores em áreas desmatadas.

 

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Serviços encolhem 4% e ameaçam PIB

O setor de serviços encolheu 4% em março, na comparação com fevereiro, apurou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No acumulado em 12 meses, o tombo foi de 8%. Três dos cinco ramos de atividade pesquisados tiveram queda, o que dividiu opiniões sobre o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre. O setor de serviços é o que mais pesa no PIB e o que mais emprega.

O dado de março foi pior do que o esperado pelo mercado, que apostava em queda de 3%. Na comparação com março de 2020, houve crescimento de 4,5%. Contudo, especialistas alertam que, como a base é muito baixa, não há motivo para comemoração.

Além disso, o setor ainda não conseguiu retomar o patamar pré-pandemia, principalmente, porque o segmento de serviços prestados às famílias — o mais importante, por refletir consumo e parte do turismo — encolheu 27% em relação a fevereiro e ainda está longe de mostrar uma recuperação mais robusta.

A economista Silvia Matos, da Fundação Getulio Vargas (FGV), observa que o setor ainda está 2,8% abaixo do nível de fevereiro de 2020, com os segmentos de acomodação e alimentação e de transporte aéreo, precisando crescer 45,9% e 38,2%, respectivamente, para retornarem ao patamar pré-crise.

Economista sênior da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Fabio Bentes lembrou que, diante das incertezas na vacinação, com riscos de uma volta do abre e fecha nos próximos meses, os serviços devem ter recuperação lenta. Por isso, o PIB do primeiro trimestre pode cair 0,3% na comparação ao quarto trimestre.
Silvia Matos acha que o PIB pode vir positivo, em torno de 0,3%, mas mostra cautela. “O impacto da segunda onda acabou não sendo tão forte como o esperado, mas ainda não está claro se o segundo e o terceiro trimestres passarão incólumes, porque o atraso na vacinação não vai ajudar na retomada”, alertou.

Mario Mesquita, economista-chefe do Itaú Unibanco, também acredita em resultado positivo do PIB no primeiro trimestre. “A atividade vem demonstrando uma certa resiliência e a mobilidade caiu menos do que o esperado na segunda onda da pandemia”, explicou. Recentemente, o banco elevou de 3,8% para 4% a previsão do PIB deste ano.

Dólar dispara e bolsa cai
O mercado financeiro teve ontem um dia tenso, devido às expectativas de alta da inflação dos Estados Unidos, que pode levar o Fed, o banco central do país, a elevar os juros. O dólar subiu 1,59% e fechou em R$ 5,305. O Ibovespa, principal indicador da Bolsa de Valores de São Paulo (B3) teve queda de 2,65%, para 119.710 pontos. Foi a maior baixa diária do indicador desde 8 de março, quando desabou 3,98%. O nervosismo tomou conta dos investidores com a notícia de que a taxa anualizada de inflação nos EUA subiu 4,2% em abril. O núcleo da inflação, que exclui fatores sazonais, aumentou 3%, o maior salto em 26 anos.

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