O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, admitiu que novos casos de morte e infectados pelo novo coronavírus “impactam as expectativas dos investidores”, fato que ocorre, disse ele, em todo o mundo, inclusive nas economias desenvolvidas. “A economia global está diretamente ligada à evolução da pandemia”. Mas o Brasil tem um bom sistema de vacinação e, na sua análise, “até julho, todos do grupo de risco estarão vacinados”. Novos lockdowns, por outro lado, serão pouco eficientes e terão pouco efeito na economia, opinou.
Em evento organizado pelo Bank of America (BofA), Campos Neto apresentou um gráfico que mostrava que, em termos de responsabilidade fiscal, o Brasil é um dos piores do ranking, e como a maioria, ainda não voltou aos níveis pré-covid, vivendo em um momento de alta de inflação, causada principalmente pela alta dos preços das commodities (mercadorias com cotação internacional) e pela elevação da energia elétrica. “Para avançar, o Brasil precisa avançar nas reformas”, assinalou. A média do mercado é de crescimento de 3,21%, em 2021.Ele disse ainda que não vê problemas fiscais mais graves, se não houver gastos extras. “Quanto mais se gasta com benefícios, o resultado lá na frente será o contrário. Gastos com muitos benefícios, para o crescimento, terá o efeito oposto”, garantiu. Ele lembrou ainda que, na última reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom), elevou a Taxa Básica de Juros (Selic), em 0,5 ponto percentual justamente porque avaliou o cenário futuro, para evitar alta maior da inflação, principalmente em 2022.
E afirmou que, mesmo com os problemas fiscais, o crédito tem se expandido no país. “Temos crédito disponível e novas modalidades de crédito sendo criadas”, mencionou o presidente do Banco Central. Ele ressaltou, ainda, o desempenho do BC nas medidas de avanço tecnológico, como o Pix e o Open Banking. “Acredito que o crescimento da tecnologia é o número um para a inclusão”, afirmou. Disse ainda que se tiver que deixar algo como legado, será fazer um bom trabalho para que o BC avance na transparência, eficiência e comunicação com o público.
Controle
Pela manhã, o diretor de Política Monetária do Banco Central, Bruno Serra Fernandes, em evento on-line do Credit Suisse afirmou que o ajuste mais acelerado dos juros que o BC tem levado a cabo desde março “é a chave para controlar as expectativas de inflação e para garantir que esse choque seja, de fato, temporário”. Serra também defendeu maior transparência do BC na divulgação tanto na linguagem quanto nos dados com o mercado. As constantes altas do juros, embora necessárias, disse Serra Fernandes, devem ser pontuais e levando em consideração a conjuntura. “O ajuste total de uma vez só levaria as projeções de inflação para níveis abaixo do consistente com a meta no horizonte relevante”.
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