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Open banking vai ser ampliado para dar mais opções ao cliente, diz Campos Neto

Presidente do Banco Central anunciou que transição do open banking para open finance vai ocorrer ao longo de 2021 a fim de melhorar e baratear os produtos bancários

Vera Batista
postado em 24/05/2021 17:14 / atualizado em 24/05/2021 17:15
 (crédito: Marcello Casal Jr/Agência Brasil - 7/4/20)
(crédito: Marcello Casal Jr/Agência Brasil - 7/4/20)

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, anunciou, em primeira mão no evento on-line da eB Capital, gestora de Private Equity, que a autoridade monetária vai mudar o open banking para open finance. No open banking, o cliente abre informações dos seus produtos bancários (dados da conta, saldo, extrato, movimentação, com a possibilidade de fazer pagamentos por meio de outras plataformas). É o uso da conta corrente e de produtos tipicamente bancários, como crédito e pagamentos. Já no open finance, a experiência é ampliada para produtos de outras indústrias (incorporando integração com seguros, investimentos, cambio, entre outras).

“Vimos algumas instituições financeiras fazendo propaganda, entendendo o que é open banking. Vamos mudar, na verdade, o open banking para o open finance. Entendemos que o open banking não é mais o que o projeto deveria ser. Vamos fazer as diversas fases ao longo de 2021”, informou o presidente do BC. Segundo Campos Neto, é cada vez mais importante no mundo financeiro o acúmulo e a interpretação de dados. “E nada mais justo que os dados das pessoas possam ser usados por elas para obter produtos melhores, mais sob medida e mais baratos. É um projeto que democratiza bastante a indústria de dados que é o que tem gerado crescimento na economia”.

Segundo Campos Neto, “o que estava a caminho não era somente uma fusão de dados de bancos com fintechs, o que está a caminho é uma fusão de media social com indústria financeira”, afirmou. Ele disse ainda não ser possível saber o caminho que as pessoas vão usar futuramente para fazer uma operação bancária. “Se é um banco ou uma media social. Acho que existe dúvida em relação a isso. E nesse ambiente de sequenciamento de dados, é preciso um sandbox regulatório (iniciativa que permite que instituições já autorizadas e ainda não autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil possam testar projetos inovadores). A gente tem que estimular esse ambiente. Essa é a grande corrida do ouro do mercado financeiro hoje, que pode agregar três coisas: mensageria, pagamentos e conteúdos”, informou o presidente do BC.

Moeda digital

O Banco Central lançou pela manhã o projeto de moeda digital, como uma extensão da moeda física. Em nota, o BC informou que a moeda deve “acompanhar o dinamismo da evolução tecnológica da economia brasileira”. A digital será diferente dos criptoativos, como, por exemplo, os Bitcoins, ativos arriscados, não regulados pelo BC. Entre as diretrizes da moeda digital, estão a ênfase na possibilidade de desenvolvimento de modelos inovadores a partir de evoluções tecnológicas, como contratos inteligentes (smart contracts), internet das coisas (IoT) e dinheiro programável; a previsão de uso em pagamentos de varejo; e a capacidade para operações online e eventualmente operações offline.

No entanto, durante o evento da eB Capital, Campos Neto deixou claro que essas moedas são mais adaptadas aos contratos digitais que ganham força com as plataformas de blockchain. Mas não será possível, por exemplo, permitir que todos convertam a totalidade de suas moedas físicas em moeda digital, porque isso imporia um risco ao sistema financeiro. "Se ela é uma extensão da moeda física, e pode ser convertida no mesmo valor, no mesmo tempo, você teria que abrir uma conversão total. Ou seja, se toda a sociedade demandasse trocar toda moeda física pela eletrônica, ela poderia. Isso, obviamente, não pode, porque geraria enorme problema para os bancos, que sofreriam com a parte do multiplicador bancário."

"Existem várias perguntas que não são respondidas nesse mundo, ainda, e a gente está avançando, mas acho que o primeiro passo foi dado, que é entender quais são os pilares da moeda digital do futuro", reforçou. O presidente do BC destacou, ainda, que há uma parte jurídica importante que ainda falta avançar, inclusive em assuntos sobre a privacidade. “O dinheiro digital vai ser rastreado. Nossa ideia é fazer com que todo esse tema de lavagem de dinheiro e financiamento do terrorismo seja mais difícil, seja minimizado. Tem uma parte de operabilidade que é muito importante. E a parte cibernética é o coração”, assinalou Roberto Campos Neto.

 

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