Agricultura Familiar

Assistência técnica para agricultores ainda é um desafio, diz secretário

Em entrevista ao CB Agro, o secretário de Agricultura Familiar, Fernando Schwanke, mostra as disparidades regionais existentes na assistência aos pequenos produtores rurais e afirma que é necessário investir em tecnologia para vencer barreiras, como o clima hostil do semiárido nordestino

Pedro Ícaro*
postado em 11/06/2021 19:18 / atualizado em 11/06/2021 23:33
 (crédito: Marcelo Ferreira)
(crédito: Marcelo Ferreira)

A assistência técnica para os agricultores familiares no Brasil ainda é um desafio. Enquanto na Região Sul cerca de 48% recebem assistência, no Nordeste esse número cai para 7%. Os dados foram apresentados nesta sexta-feira (11/06) pelo secretário de Agricultura Familiar do Ministério da Agricultura, Fernando Schwanke, em entrevista ao CB. Agro, programa feito em parceria pelo Correio Braziliense e a TV Brasília.

Desde 2017, o Programa Prospera incentiva a produção em larga escala de milho em diversas áreas do semiárido nordestino. Atualmente, o Prospera entrou em uma fase que tem como objetivo incorporar 50 mil pequenos produtores de milho em um período de cinco anos. Entretanto, para que o programa seja efetivo há necessidade de romper algumas barreiras.

“Para fazer isso você tem que ter a quebra de uma barreira tecnológica porque todos sabem que o semiárido brasileiro tem uma dificuldade hídrica, tem pluviometria de 300, 400 mm por ano. E produzir grãos com essa pluviometria exige a quebra de uma barreira tecnológica", observou o secretário. Segundo ele, experiências com uso de sementes híbridas resultaram na produção de 80 a 120 sacos de milho por hectare, quando a média tradicional na região é de 13 sacos.

O Prospera é um programa de parceria público-privada. Segundo Schwanke, várias outras cadeias de produção seguem esse esquema como as de café, aves, suínos etc. Outras medidas também são pilares para que o Ministério da Agricultura construa políticas públicas para os agricultores, como o crédito e o seguro agrícola.

“Durante esses dois anos e meio, nós disponibilizamos crédito de R$ 67,5 bilhões só para pequenos agricultores. Esse é um número espetacular. Foram R$ 33 bilhões para custeio e R$ 30 bilhões para investimento, com juros, obviamente, subsidiados pelo governo. Além disso, todo esse credito é segurado”, explicou o secretário.

Para intensificar a assistência técnica e o acesso ao mercado pelos pequenos agricultores, levando em consideração o contexto da pandemia, o ministério disponibilizou formas de atendimento digital, iniciativa que será ampliada para um programa que disponibilizará informações que indicam o momento certo para o plantio.

“Estamos construindo, com o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura, um programa, que já vemos em outros países, de informação em massa de tecnologia pelo telefone. São informações, por cadeia produtiva, como o milho, por exemplo. São fornecidas ao agricultor informações simples, objetivas e esporádicas, como ‘vai chover, está na hora de plantar’. Com isso, é possível atender a uma massa muito grande de pessoas. Queremos começar com 100 mil agricultores do Nordeste”, disse.

Zarc e Plano Safra

O método de Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) proporciona a indicação de datas ou períodos de plantio por cultura e por município, considerando clima, solo etc. Além disso, esse método permite realizar o seguro rural.

“O Zarc é a base do seguro, ele dá a janela do plantio para poder fazer o seguro rural. Por exemplo, a janela do milho no semiárido é entre maio e junho, então é nesse período que você tem que plantar, se plantar fora você não consegue fazer o seguro porque ele está fora da janela. O Zarc é feito hoje dentro da Embrapa, e é extremamente importante, porque dá segurança inclusive para as seguradoras cobirem o risco das lavouras”, explicou Fernando Schwanke.

Outra instrumento importante para os agricultores é o Plano Safra que está gerando muita expectativa, principalmente, para que seja aprovado já na semana do dia 20 de junho. O Plano garante crédito necessário para o agricultor investir e custear a produção na lavoura.

“Podemos esperar um bom Plano Safra, como nós já fizemos em 2019/2020, quando chegamos a R$ 33 bilhões. Estamos na fase final de construção desse Plano Safra. A ministra Tereza Cristina tem dialogado com o ministro Paulo Guedes para acertarem o valor da subvenção deste ano e, emcima desse valor, a gente consegue recalcular a disponibilidade de recursos”, explicou.

*Estagiário sob supervisão de Odail Figueiredo

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