Inflação

Persistência da pressão inflacionária revela-se maior que o esperado

Quando os preços dos alimentos começaram a pressionar a inflação no fim do ano passado, a avaliação inicial do BC era de que o choque seria temporário.

Agência Estado
postado em 22/06/2021 10:05 / atualizado em 22/06/2021 10:06
 (crédito:  Carlos Vieira/CB/D.A Press)
(crédito: Carlos Vieira/CB/D.A Press)
O Banco Central (BC) repetiu nesta terça-feira, por meio da ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom), que a persistência da pressão inflacionária "revela-se maior que o esperado, sobretudo entre os bens industriais".
Este comentário do BC, já expresso no comunicado do Copom na semana passada, contrasta com as avaliações iniciais do colegiado sobre os choques que surgiram durante a pandemia. Quando os preços dos alimentos começaram a pressionar a inflação no fim do ano passado, por exemplo, a avaliação inicial do BC era de que o choque seria temporário. Mais recentemente, o BC vem reconhecendo a continuidade das pressões.
"Adicionalmente, a lentidão da normalização nas condições de oferta, a resiliência da demanda e implicações da deterioração do cenário hídrico sobre as tarifas de energia elétrica contribuem para manter a inflação elevada no curto prazo, a despeito da recente apreciação do real", registrou o BC na ata de hoje.
Conforme o documento, o comitê segue atento "à evolução desses choques e seus potenciais efeitos secundários, assim como ao comportamento dos preços de serviços conforme os efeitos da vacinação sobre a economia se tornam mais significativos".
Riscos fiscais
Os riscos fiscais continuam a ter um grande peso nas expectativas para a inflação, diz a ata. O Copom avaliou que as projeções de inflação estão alinhadas à meta para 2022, considerando o cenário básico, que utiliza a trajetória para a taxa de juros extraída da pesquisa Focus. "O Comitê ponderou que, apesar da evolução recente mais positiva, os riscos fiscais continuam implicando um viés de alta nas projeções", enfatizaram no documento.
Essa assimetria no balanço de riscos, conforme a diretoria colegiada, afeta o grau apropriado de estímulo monetário e justifica uma trajetória para a política monetária com menos estímulos do que a utilizada no cenário básico.
Na sequência dessa discussão, os membros do Copom analisaram diferentes trajetórias de normalização de juros. "Levando em conta o cenário básico e o balanço de riscos, o Comitê observou que, caso não haja mudança nos condicionantes de inflação, elevações de juros subsequentes, sem interrupção, até o patamar considerado neutro implicam projeções em torno da meta de inflação no horizonte relevante", trouxe a ata da reunião que elevou a taxa básica de juros em 0,75 ponto porcentual, para 4,25% ao ano.
O documento explicou que, por isso, tornou-se apropriada a normalização da taxa de juros para esse patamar. "O Comitê decidiu comunicar essa decisão, mantendo a transparência sobre a trajetória de política monetária implícita nas suas projeções e reafirmando que essa visão será sistematicamente reavaliada conforme ocorrem mudanças nos determinantes de inflação ou no balanço de riscos", enfatizaram.
Recuperação econômica
O Copom avaliou que os riscos para a recuperação econômica "reduziram-se significativamente". A análise consta da ata da reunião da semana passada. Os membros do colegiado comentaram que, apesar da intensidade da segunda onda da pandemia, os indicadores recentes, os dados da atividade econômica brasileira continuam mostrando evolução mais positiva do que o esperado.
Eles salientaram também que isso teve como implicação revisões relevantes nas projeções de crescimento. A diretoria colegiada, no entanto, ressaltou que as diversas medidas de inflação subjacente apresentam-se acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta para a inflação.
 

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