Pelo segundo dia consecutivo, o dólar fechou abaixo dos R$ 5. Ontem, a moeda norte-americana terminou o dia cotada a R$ 4,963 para venda, no câmbio comercial, com ligeira oscilação negativa de 0,07% em relação à terça-feira.
Ontem, o Banco Central informou que, depois de encerrar maio com saídas líquidas de US$ 1,8 bilhão, o país registrou fluxo cambial positivo de US$ 2,3 bilhões em junho até o dia 18. No acumulado do ano, a entrada de recursos ficou positiva em US$ 13,2 bilhões. Em igual período do ano passado, US$ 12,6 bilhões haviam deixado o país.
Segundo o economista Luís Alberto de Paiva, presidente da Corporate Consulting, este movimento decorre, principalmente, da elevação das exportações de commodities para a China e Estados Unidos.
“Outro fator que contribui para a entrada de recursos no país é que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) mantém as taxas de juros daquele país em patamares próximos de zero, deixando o mercado local menos atraente para os investidores estrangeiros, que buscam mercados com taxas mais atraentes”, disse.
Nesse sentido, a decisão do Banco Central brasileiro de elevar a taxa Selic para 4,25% ao ano, indicando novas elevações no futuro, abriu oportunidade para os investidores estrangeiros. “Alta das commodities, aceleração nos volumes de exportação e entrada de capitais estrangeiros favorecem a queda da taxa de câmbio”, resumiu.
“Outro fator que ainda deve contribuir bastante para a desaceleração futura é a retomada do PIB, que contribui para o aumento da arrecadação, assim como a possibilidade no avanço das reformas no Congresso, como a administrativa e tributária”, explicou. “O único fator que poderá impedir essa trajetória é uma aceleração inflacionária ou crise de desabastecimento no Brasil, que obrigará a novo balizamento do câmbio”, disse Luís Alberto de Paiva.
Exportadores
Para a economista Eliz Sapucaia, da Terra Investimentos, a valorização do real pode afetar o lucro das empresas exportadoras. Ela considera, entretanto, que esse patamar da taxa de câmbio ainda aparenta ser favorável para a exportação. “Se o cenário continuar atrativo para as empresas, parte da produção que seria destinada ao abastecimento interno continuará direcionada para o exterior e, com isso pode continuar havendo pressão no preço dos alimentos”, analisou.
Segundo os dados do Banco Central, de janeiro até 18 de junho, a entrada de divisas pelo canal financeiro foi de US$ 452 milhões, resultado de ingressos de US$ 240,5 bilhões e de remessas de US$ 240,1 bilhões. O segmento reúne investimentos estrangeiros diretos e em carteira, remessas de lucro e pagamento de juros, entre outras operações.
No comércio exterior, o saldo anual acumulado até 18 de junho ficou positivo em US$ 12,7 bilhões, com importações de US$ 95,5 bilhões e exportações de US$ 108,3 bilhões.
“Se o cenário continuar atrativo para as empresas, parte da produção que seria destinada ao abastecimento interno continuará direcionada para o exterior e, com isso pode continuar havendo pressão no preço dos alimentos.”
Eliz Sapucaia, economista da Terra Investimentos
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