CARESTIA

IPCA-15 acelera para 0,83%

Gasolina e energia elétrica puxam prévia oficial da inflação em junho, mas alta é generalizada: dois terços dos preços pesquisados pelo IBGE subiram. Em 12 meses, indicador acumula elevação de 8,13%

Rosana Hessel
postado em 26/06/2021 00:06

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), conhecido como prévia da inflação oficial, acelerou em junho em relação a maio, passando de 0,44% para 0,83%, conforme dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A alta foi puxada, principalmente, pelo aumento dos preços da gasolina e da energia elétrica que, sozinhos, segundo o IBGE, representaram um terço da variação do indicador.

O dado da prévia da inflação ficou levemente abaixo das previsões do mercado, em torno de 0,85%, mas trouxe ingredientes nada animadores para o brasileiro, que vê a renda encolher mês a mês. As principais altas entre os nove grupos pesquisados foram em Transportes e em Habitação, de 1,67%, e de 1,35%, respectivamente, puxadas pelos reajustes nos combustíveis, nas tarifas de metrô e na conta de luz — que deverá continuar subindo com a mudança da bandeira vermelha 1 para a 2, devido à crise hídrica.

No acumulado do ano, o IPCA-15 registrou alta de 4,13% e, nos últimos 12 meses, subiu 8,13%. Analistas demonstraram preocupação com a disseminação elevada da inflação, que atingiu dois terços, ou 65,7% dos itens, e da aceleração nos núcleos. São fatores que aumentam as apostas de que o Banco Central deverá acelerar a elevação da taxa básica de juros (Selic) para conter a escalada dos preços.

Não à toa, as previsões do mercado apontam para um IPCA acima das projeções do BC, de 5,8%, divulgadas na quinta-feira no Relatório Trimestral de Inflação (RTI). Vale lembrar que o teto da meta de inflação deste ano é de 5,25% e, no ano que vem, passa para 5%.

De acordo com levantamento feito pelo economista-chefe para América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos, com base nos dados do IBGE, a aceleração dos preços é generalizada. A inflação dos itens cujos preços são determinados pelo mercado e que têm um peso de 75% no IPCA acelerou em relação de maio para junho, passando de 5,88%, no acumulado em 12 meses, para 6,39%. Já os preços administrados pelo governo, com peso de 25% no IPCA, passaram de 11,34% para 13,28%, na mesma base de comparação.

Além disso, a média das cinco principais medidas de núcleo registrou alta de 0,62%, quase o dobro da variação de 0,37% observada em maio. Enquanto isso, os núcleos de serviços avançaram 0,54%, acelerando sobre o 0,08% de maio.

“A dinâmica do IPCA, aqui antecipada pelo IPCA-15, segue perversa. A alta de administrados e tradables não é compensada pelas fragilidades dos demais preços. Mas os núcleos indicam persistência na alta, o que o Copom usa como argumento para a alta da Selic”, explicou o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco Lima Gonçalves. Pelas projeções de Gonçalves, o IPCA deverá encerrar 2021 com alta de 6,5% e, em 2022, “ficará acima de 4%”. Enquanto isso, a previsão do BC no Relatório de Inflação para o IPCA do ano que vem, quando o centro da meta é de 3,5%, está em 3,3%.

Bandeira vermelha continua em julho
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou que as contas de luz vão continuar com a bandeira vermelha em seu segundo patamar em julho. Atualmente, os consumidores pagam uma taxa adicional de R$ 6,243 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos, mas esse valor deve ser bem mais alto a partir do próximo mês. Alguns especialistas apontam a necessidade de a taxa ser elevada a, pelo menos, R$ 10,00 a cada 100 kWh, um aumento de 60%. A Aneel vai definir os novos valores na próxima terça-feira.

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