O embaixador da Argentina no Brasil, Daniel Scioli, rebateu, ontem, declarações dadas, na sexta-feira, pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre o Mercosul. O representante de Buenos Aires disse que o integrante do governo atribuiu “erroneamente” a ele a redação da carta em que os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticaram a proposta do governo Jair Bolsonaro de redução tarifária unilateral por parte do bloco econômico sul-americano.
“O ministro da Economia do Brasil, Paulo Guedes, erroneamente me atribuiu a redação da carta em que os ex-presidentes Lula e Cardoso defendem a integridade do Mercosul e afirmam que não é hora de reduzir a tarifa externa comum unilateralmente”, escreveu Scioli em nota.
Em audiência na Comissão Temporária do Senado que acompanha a pandemia, Guedes criticou a posição do governo de Alberto Fernández em assuntos que envolvem o Mercosul. O ministro disse que a Argentina veta acordos comerciais do bloco com outros países e mencionou a carta divulgada por Lula e FHC no começo de junho. Em um primeiro momento, o titular da Economia afirmou que Scioli “escreveu” a carta. Porém, imediatamente acrescentou o verbo “assinou”.
“Inclusive, o embaixador da Argentina veio ao Brasil e escreveu uma carta, assinou um documento com o ex-presidente Lula e com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso dizendo que o Brasil está ameaçando o Mercosul, quando é exatamente o contrário”, enfatizou Guedes enquanto criticava o país vizinho.
Na nota de ontem, Scioli também rebateu a declaração do ministro de que a Argentina impede a modernização do Mercosul. “Quero dizer que essas afirmações não estão condicionadas ao espírito de unidade e compromisso com a integração bilateral que sempre promovi em todos os meus encontros com governadores, empresários e lideranças políticas a favor da integração dos dois países e do aprofundamento do vínculo entre a Argentina e o Brasil”, escreveu.
A carta conjunta de FHC e Lula foi divulgada no dia 5. “Concordarmos com a posição do presidente da Argentina, Alberto Fernández, de que este não é o momento para reduções tarifárias unilaterais por parte do Mercosul, sem nenhum benefício em favor das exportações do bloco”, dizia o texto.
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