COMPORTAMENTO

Plano de saúde figura entre prioridades nas contas dos brasileiros

Pandemia do novo coronavírus faz brasileiro manter assistência suplementar como uma das principais necessidades e aumenta o desejo por carro próprio, computador, celular e internet de alta velocidade. Dados são do Instituto Vox Populi

Vera Batista
postado em 28/06/2021 06:00
 (crédito: Michael Dantas/AFP)
(crédito: Michael Dantas/AFP)

A pandemia mudou hábitos dos brasileiros. Diante do avanço da infecção pela covid-19 e do consequente distanciamento social, a prioridade de ter um plano de saúde foi mantida, mas aumentou o desejo de ter carro, computador, celular e internet de alta velocidade. É o que mostra pesquisa do Instituto Vox Populi a pedido do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS). O levantamento comparou os anseios de posse em quatro momentos (2015, 2017, 2019 e 2021, no mês de abril). Como em anos anteriores, contar com um plano de saúde é o terceiro item no ranking, após casa própria e educação.

A novidade é que o plano odontológico, que não era avaliado, ficou na nona posição entre beneficiários e não beneficiários. Para José Cechin, superintendente executivo do IESS, “tanto essa quanto as demais alterações no ranking de bens e serviços desejados podem ser reflexos da crise sanitária atual”, diz. “O medo de contágio pela covid-19 fez o carro voltar a ser objeto de desejo do brasileiro como forma de evitar deslocamentos em veículos com aglomerações, enquanto o distanciamento social impôs maior uso de dispositivos eletrônicos e banda larga para consultas em telemedicina e aulas on-line para filhos em idade escolar, por exemplo.”

Em comparação com as edições anteriores, destaca a pesquisa Vox Populi/IESS, houve uma alternância entre educação e casa própria na primeira colocação. “Ou seja, o período da pandemia e as novas necessidades do brasileiro deflagraram um processo de redimensionamento dos desejos da população, ainda que não interfira no ranking geral”, informa o levantamento. Dessa forma, no topo dos mais desejados (tanto os que já contam com plano quanto os que não) continuam aparecendo casa própria, educação, plano de saúde e carro próprio.

José Cechin afirmou que os índices de intenção de continuar no plano atual também chegaram ao melhor desempenho na série histórica, iniciada em 2015 — ano em que a pergunta sobre intenção foi inserida —, avançando de 86%, em 2015, para 87%, em 2017; 88%, em 2019; e, em 2021, atingiu 90%. A taxa de recomendação dos beneficiários dos planos para amigos e familiares também subiu de 79%, em 2015, para 86%, em 2021. O maior percentual foi em Manaus, 92%; e o menor, em São Paulo, com 83%.

“A taxa vem em linha com outros números da pesquisa e reforça que o brasileiro passou a valorizar ainda mais o plano de saúde em meio à pandemia de coronavírus”, avalia Cechin. Ele ressaltou que o levantamento foi feito em oito capitais metropolitanas, e, não à toa, o “maior índice foi encontrado em Manaus, que sentiu fortes impactos da crise atual”. “Vemos, pelo relatório, que os beneficiários de planos avaliam muito positivamente o serviço de saúde suplementar: os índices de satisfação, a recomendação e a intenção de manterem o seu plano atual atingem os melhores resultados da série histórica. Os beneficiários de plano odontológico também demonstram grande satisfação”, salienta.

Odontológicos

Os dados da pesquisa Vox Populi/IESS que envolvem planos de saúde exclusivamente odontológicos também estão no melhor patamar na série histórica. Conforme o instituto, 83% dos beneficiários estão “satisfeitos” ou “muito satisfeitos”. A mesma tendência acontece em relação à recomendação para familiares e amigos, que chegou a 85% dos entrevistados, e a intenção em continuar com o mesmo benefício, confirmada em 89% dos casos.

“Grande parte da expansão dessa modalidade nos últimos anos é justificada pela ampliação às empresas de pequeno e médio portes (antes, centralizadas em grandes corporações)”, explica Cechin. “No geral, as principais razões do brasileiro para a contratação dos planos são ‘não depender da saúde pública’ e ‘ter segurança em caso de emergência’, ambos com 42%.”

Observando os números nacionais, os índices de satisfação em relação a planos odontológicos também registraram alta. O maior foi em Porto Alegre, 98%; e o menor, em Belo Horizonte, com 79%, além de Manaus, 91%; Salvador, 89%; Rio de Janeiro, 87%; Brasília, 85%; e Recife, 84%.

O canal de atendimento mais utilizado pelos beneficiários é o telefone (81%), seguido de aplicativo (34%). A maioria (82%) considera que as operadoras oferecem informações claras. Quanto à escolha da operadora, no geral, a maioria cita a qualidade dos profissionais e o preço como os principais critérios para a escolha.

Alto custo

Os não beneficiários de planos de saúde ou odontológicos também reconhecem a importância e a boa prestação de serviço dos planos de saúde complementar, mas nem todos têm condições de arcar com o valor das mensalidades. Pelos dados da pesquisa, para a maioria que saiu dos planos, o preço e a falta de condições financeiras são os principais motivos: 41,4% dos entrevistados já tiveram plano, mas foram obrigados a abrir mão porque a demissão do emprego e o preço das mensalidades os impediram de continuar.

A pesquisa constata que 85% desses entrevistados reconhecem a importância de ter um plano de saúde; 66% dizem que a qualidade do atendimento, a comodidade e o conforto são as justificativas para o interesse; e 34% dizem que não têm interesse porque o preço é impeditivo.

A pesquisa do Vox Populi, feita em abril deste ano, ouviu 3,2 mil pessoas (1,6 mil beneficiários e 1,6 mil não beneficiários) em oito regiões metropolitanas do país (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Porto Alegre, Brasília e Manaus). A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos, e o nível de confiança, de 95%.

 

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação

CONTINUE LENDO SOBRE