Muito provavelmente, você ainda não reparou nesse tipo de produto na gôndola do supermercado. Trata-se das plantas alimentícias não convencionais, conhecidas pela sigla Pancs. Esses alimentos saem do campo sem uma cadeia produtiva estruturada, por isso têm uma oferta limitada e sazonal.
Especialista em Pancs, o pesquisador da Embrapa Hortaliças Nuno Rodrigo Madeira comentou sobre as características desses produtos no CB.Agro, uma parceria do Correio Braziliense e da TV Brasília. O programa foi ao ar ontem e está disponível nas redes sociais.
Rodrigo Madeira ressaltou que a oferta irregular é a primeira característica das plantas não convencionais. “Alimentos como alface, batata, cebola, tomate, arroz, feijão, milho, encontramos sempre. As plantas não convencionais, por sua vez, carecem de cadeia produtiva estruturada. Elas têm o arcabouço regional muito forte. Podem ser comuns em uma determinada região, mas não são conhecidas de uma forma generalizada, como inhame, carambola, carararus e mostarda”, explicou.
Durante a pandemia, segundo Rodrigo Madeira, houve maior interesse pelas Pancs. A ideia de manter uma alimentação saudável se harmoniza com o perfil nutricional delas. “Muitas têm características nutricionais interessantes, de compostos funcionais. Elas são, em geral, muito ricas, por serem plantas mais rústicas, mais resilientes”, observou.
Ele enumera outros elementos típicos das Pancs. “Elas não utilizam adubação em excesso. E podem prosperar mesmo em ambiente adverso. Às vezes, numa fresta de calçada, você tem uma planta que pode, se houver condições de higiene, servir de alimento”, completou Madeira.
O pesquisador da Embrapa também observa uma procura maior pela criação de hortas. “É muito mais fácil cultivar Pancs do que espécies mais exigentes em adubação, que tenham muitos problemas de pragas e doenças. As pessoas que procuraram fazer horta nesse período — e foi grande esse crescimento —, simpatizam com a ideia, de ter espécies mais fáceis de produzir e que precisam de menos insumo”, afirmou.
Rodrigo Madeira alerta, no entanto, que é necessário conhecimento para identificar Pancs. “Tem que ter muito cuidado. Há plantas muito parecidas, uma é comestível, outra não. Há casos, inclusive, que acabaram em óbitos. A primeira questão é a referência cultural da comunidade, seja numa cidade, seja no meio rural. É comum que anciãos mais experientes saibam quais plantas são comestíveis. A base de tudo é conhecimento! Perdermos esse conhecimento em uma ou duas gerações. Mas, hoje, está muito disponível, como em livros, publicações, sites, blogs, etc”, disse.
*Estagiária sob a supervisão de Carlos Alexandre de Souza
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