As exportações do agronegócio registraram alta de 20,9% no primeiro semestre deste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado. Segundo informou ontem o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o volume exportado passou de US$ 50,9 bilhões para US$ 61,5 bilhões. A soja segue como o principal produto de exportação do setor, com alta de 25,3% em valor de janeiro a junho, apesar da queda de 2,2% em quantidade.
A China manteve a posição de principal destino das exportações do agronegócio brasileiro, com 39% dos valores registrados no período, seguida por União Europeia (14,5%) e Estados Unidos (6,4%). Juntos, eles respondem por quase 60% do total exportado pelo Brasil.
“Os exportadores brasileiros começaram a sentir, em junho, a recuperação parcial dos preços médios das exportações da maior parte dos produtos do agronegócio, com destaque para a carne bovina, a soja e o milho”, avaliou a pesquisadora associada do Ipea e uma das autoras do estudo, Ana Cecília Kreter.
O Ipea destaca, porém, que o preço médio recebido em junho, entre as commodities analisadas, ainda se encontra abaixo das máximas históricas. Segundo o instituto, os preços médios de quase todas as commodities agrícolas tiveram queda nos dois últimos anos. Entretanto, houve forte recuperação nos preços no mercado internacional a partir do segundo semestre de 2020.
“A partir do segundo trimestre deste ano, as remunerações em dólar das exportações começaram a refletir parte da escalada dessa alta dos preços, culminando, em junho, com máximas recentes na maioria dos principais produtos exportados”, informou o Ipea.
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Quando lavoura e pecuária se encontram
Para aumentar a produtividade no agronegócio, é importante aproveitar ao máximo as potencialidades de cada atividade. O boi safrinha, por exemplo, é um sistema de produção que integra a pecuária com a agricultura, de modo que as duas cadeias produtivas ganham. Entrevistado do CB.Agro de ontem, uma produção do Correio Braziliense e da TV Brasília. o zootecnista da Emater-DF Maximiliano Cardoso descreveu esses movimentos no agronegócio.
O especialista explicou por que a agricultura se beneficia com a pastagem do boi, com ganhos para a pecuária. “A cobertura de solo mantém a matéria orgânica, ela melhora o atributo químico e físico do solo. A raiz da braquiária cresce bem, puxando água e nutrientes. Então, onde teria uma pastagem seca neste período que estamos, essa pastagem com uso da integração está basicamente verde e disponível para os animais”, descreveu.
Em resposta às críticas de que esse sistema prejudica os produtores, Cardoso afirma que há grande aumento de produtividade, porque melhora os atributos do solo. Com essa técnica, não é necessário abrir mais áreas para pasto. Além disso, a integração lavoura-pecuária permite recuperar pastagens degradadas. “É uma técnica sustentável, que mantém e melhora a qualidade de solo. Hoje em dia, temos análise de solo, por exemplo, que não se preocupa apenas com a parte química do solo, mas também com a parte biológica. Verificam-se os microrganismos que vão facilitar o processo. Essa análise vai ficando mais complexa no sentido de trazer benefícios, mais informações para uso do pecuarista e do agricultor”, afirma.
Maximiliano Cardoso comentou ainda os avanços na avicultura. Com o aumento do preço da carne, muitos brasileiros se viram na obrigação de substituir o produto pelo ovo. De 2015 a 2020, houve um aumento expressivo na demanda na setor de avicultura, com benefício para muitos produtores rurais. “O ovo é um substituto interessante, de origem animal, de baixo custo, com facilidade de uso. Na alimentação, ele é extremamente importante para o desenvolvimento humano, entra como substituto bem competitivo. O DF vem aumentando o sistema de produção, atendendo a essa demanda que está sendo crescente”, disse o especialista.
Segundo o zootecnista, o melhoramento genético tem sido importante para aumentar a produção. Em condições normais, uma galinha caipira põe de 80 a 100 ovos por ano. Por meio de técnicas genéticas, esse percentual passa para 250 a 300 ovos por ano. “O melhoramento genético tem duas vias: seleção de animais superiores e cruzamentos. Com as galinhas, não foi diferente. As galinhas caipiras entravam muito em choco, um período que elas estão em reprodução e param de botar. Na melhoria genética, a gente seleciona os animais que não entram no choco, que tinham boa produtividade de ovos, e foi chegando a um animal, com os cruzamentos, que come menos ração e produz muito ovo”, explicou Maximiliano Cardoso.
* Estagiário sob a supervisão de Carlos Alexandre de Souza