Cerca de 97% da soja e do milho cultivados no país são de variedades transgênicas. A principal característica dessas plantas é a resistência a certos tipos de pragas. Por isso, foram adotadas pelos produtores brasileiros com o intuito de aumentar a produtividade. “As cultivares transgênicas têm resistência e alto potencial produtivo. São uma ferramenta adicional que o produtor pode ou não adotar. De 2013 para cá, nós tivemos a ampla adoção dessa tecnologia”, explicou André Ferreira Pereira, pesquisador da Embrapa Cerrados. Ele foi o entrevistado de ontem do CB.Agro, programa realizado pelo Correio Braziliense e a TV Brasília.
Além de apoiar o desenvolvimento tecnológico dos produtores, a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) defende o cuidado ambiental. Para isso, os pesquisadores desenvolveram uma técnica de plantio com inoculantes, que são bactérias que promovem a fixação biológica do nitrogênio no solo. Segundo André Pereira, o Brasil economiza cerca de R$ 15 bilhões por ano com essa tecnologia.
“São temáticas novas que a Embrapa e várias empresas têm adotado, porque a planta está ali fixando o carbono, fixando o nitrogênio, o produtor está fazendo o plantio direto, contribuindo para melhoria do ambiente de produção. Tudo isso são questões relacionadas à melhoria da qualidade do solo, do ambiente, que são muito importantes hoje”, disse.
Para que o cultivo da soja seja eficiente, a Embrapa orienta o produtor a pensar em tudo antes do cultivo, ou seja, desde a escolha da variedade a ser plantada até o manejo final da colheita e o armazenamento. Importante, também, é o conhecimento de pragas e doenças que podem aparecer no plantio.
A Embrapa trabalha com a cultura da soja desde o início da sua organização no Brasil, em 1973. Foram anos de trabalho, com outras empresas e instituições, para que a soja, planta de origem chinesa, fosse adaptada para o clima brasileiro.
Há dois anos, a Empresa lançou duas novas tecnologias para conferir às plantas tolerância a doenças e pragas. A tecnologia shield agrega a genética da planta para que ela tolere a evolução da ferrugem asiática, principal doença que afeta a soja atualmente. “Os fungicidas têm uma eficácia de 70%. Com a nova técnica, o produtor vai ter um aliado para ajudar no manejo da lavoura. A tecnologia block, por sua vez, usa variedades que têm tolerância ao percevejo, um inseto sugador. “Depois que a planta floresce e começa a formar os grãos, esse inseto causa danos irreversíveis, pode até matar a futura semente”, explicou Pereira.
*Estagiário sob a supervisão de Odail Figueiredo
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