CB.AGRO

Sem apoio, 70% dos alimentos na mesa do brasileiro vêm da agricultura familiar

"Caso o governo tivesse facilitado a comercialização de produtos ou prorrogado parcelamento de dívidas, o segmento teria mais apoio no trabalho. Mas não aconteceu"

João Vitor Tavarez*
postado em 07/08/2021 06:00 / atualizado em 07/08/2021 08:24
 (crédito:         Ed Alves/CB/D.A Press                            )
(crédito: Ed Alves/CB/D.A Press )

Cerca de 70% dos alimentos que chegam à mesa da população brasileira são produzidos pela agricultura familiar. No entanto, apesar da importância que tem para a sociedade, o segmento não vem recebendo apoio suficiente do governo, segundo o presidente da Confederação Nacional de Trabalhadores na Agricultura (Contag), Aristides Santos. “Há um desmonte das políticas públicas, principalmente no campo, o que aumenta as dificuldades. Não é de hoje a forma como o Brasil tem tratado a agricultura familiar, mas ao longo de toda a sua história”, afirmou Santos, em entrevista ao CB.Agro, programa realizado em parceria pelo Correio Braziliense e TV Brasília.

Aristides Santos disse que o orçamento da União diminuiu os recursos alocados nas áreas indígenas e quilombolas e para assistência técnica a pequenos produtores. “Já chegamos a ter R$ 600 milhões no orçamento para assistência técnica. Hoje está em R$ 31 milhões”, apontou. A importância dessa área, disse ele, é que o crédito a um agricultor familiar é como o investimento ao microempresário. “Se o profissional fizer um projeto bem orientado tecnicamente, pensando em todas as condições, a chance de dar certo é muito maior", afirmou.

O presidente da Contag relatou que o segmento teve redução na produção durante a pandemia do novo coronavírus, em função do distanciamento social. “Caso o governo tivesse facilitado a comercialização de produtos ou prorrogado parcelamento de dívidas, o segmento teria mais apoio no trabalho. Mas não aconteceu”, argumentou Aristides Santos. Segundo ele, “metade das famílias de agricultores perdeu renda na pandemia”.

A pandemia trouxe também novos comportamentos em relação à saúde e ao meio ambiente. Um deles foi a procura por alimentos orgânicos, que, apenas entre março e outubro de 2020, aumentou 44,5%, segundo pesquisa da Associação de Promoção dos Orgânicos (Organis).

“Nós, do movimento sindical, trabalhamos muito na conscientização dos agricultores, incentivando o trabalho dentro da linha da agroecologia, saindo dos modelos que fazem o uso de venenos ou adubos químicos”, explicou Aristides. De acordo com o representante da Contag, quanto mais agricultura familiar atender à procura por alimentos saudáveis, melhor para o setor, que terá um diferencial de mercado.

*Estagiário sob supervisão de Odail Figueiredo

 

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