CONJUNTURA

Setor de serviços volta ao nível pré-pandemia

Vera Batista
postado em 12/08/2021 23:55


Em junho, o volume de serviços prestados no Brasil avançou 1,7% em relação a maio, acumulando ganho de 4,4% nos últimos três meses. Com esse resultado, o setor se recuperou frente ao período pré-pandemia, ficando 2,4% acima de fevereiro de 2020, e chegou ao patamar mais elevado desde maio de 2016, de acordo com a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em relação a junho de 2020, o setor registrou a quarta taxa positiva consecutiva ao avançar 21,1%.

Mesmo com a recuperação, os serviços prestados às famílias ainda operam 22,8% abaixo do período pré-pandemia. “Ainda há algum receio da população em consumir serviços dessa natureza, além das restrições de funcionamento em alguns estabelecimentos”, explicou Rodrigo Lobo, analista da pesquisa. Apesar disso, o segmento mostra alguma recuperação, já que, em março de 2020, o tombo em relação a fevereiro havia sido de 32,1%, chegando a 61,8%, em abril. Mas, em junho de 2021, alojamento e alimentação impulsionaram os serviços às famílias, com a terceira alta consecutiva, de 40,3%, depois de ter sofrido impacto negativo, em março (-28,0%), com o isolamento social.

Serviços como manicure, pedicure, cabeleireiro ou barbeiro, entre outros mais dependentes da presença física dos clientes, estão entre os que mais sofreram. E isso se deve, de acordo com o economista Cesar Bergo, sócio-consultor da Corretora OpenInvest, à falta de renda, aumento dos índices de desemprego, inflação persistente, demora do governo em retomar o pagamento do auxílio emergencial e à alta do preço dos alimentos, além de uma pequena interferência negativa da falta de insumos.

“É claro que as pessoas se viram, tentam atender em casa, mas o dinheiro não entrou no bolso dos consumidores ou foi para outras prioridades. E não houve medidas concretas e imediatas para melhorar o consumo. Essa pequena melhora nos serviços é resultado de uma demanda represada”, destacou Bergo. Para o segundo semestre, a previsão também não é das melhores. “Vamos contar com o impacto da crise hídrica que ainda não está refletida. Os números de junho acabaram por quebrar a expectativa para julho”, disse.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em evento da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), também citou a PMS e a corrosão do poder de compra. “Nós discutimos muito sobre quais medidas poderiam ser feitas pelo setor de serviços de alimentação e bebidas. As vendas com cartão de crédito em restaurantes aumentaram e olhando a parte de serviços que saiu hoje (ontem), a gente vê uma recuperação nessa área”, disse. (Colaborou Fernanda Fernandes)

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