O secretário de Administração Penitenciária (Seap) do estado do Rio de Janeiro, Raphael Montenegro, foi preso ontem por agentes da Polícia Federal acusado de negociar acordos com chefes da maior facção criminosa de tráfico de drogas do estado “em troca de influência sobre os locais de domínio destes traficantes e outras vantagens ilícitas”. Como ele, também foram presos dois subsecretários — Wellington Nunes da Silva, da gestão operacional, e Sandro Farias Gimenes, superintendente —, acusados de integrar o esquema.
Montenegro é acusado de pelo menos três crimes: falsidade ideológica, advocacia administrativa (quando o funcionário público usa o cargo para defender interesse privado na administração pública) e associação para o tráfico. Ele é suspeito de negociar a transferência de lideranças da facção de presídios federais para unidades prisionais do Rio. O secretário foi exonerado pelo governador Cláudio Castro (PSC) e substituído por Victor Hugo Poubel.
Montenegro reuniu-se no início de maio com líderes da facção no presídio federal de Catanduvas (PR). Todas as conversas em presídios federais são gravadas com autorização da Justiça, e foram elas que ajudaram a embasar as acusações.
Segundo o delegado federal Heliel Martins, “as ações não se restringiram a uma negociação abstrata. Foram para o campo concreto, com pareceres, atos, ofícios à Vara de Execuções Penais”, acrescentou.
Montenegro é enteado do desembargador federal Abel Gomes, que se aposentou em julho e foi um dos relatores da Operação Lava-Jato no Rio. Tanto a polícia quanto o MP-RJ fizeram questão de refutar com veemência qualquer ligação de Gomes com a prisão de Montenegro.
Cinco envolvidos em chacina são absolvidos
Os dois policiais e três ex-policiais acusados pela morte de 13 moradores da favela Nova Brasília, no complexo do Alemão (zona norte do Rio), durante operação realizada em outubro de 1994 para apreender carros roubados, armas e drogas, foram absolvidos pelo 1º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro, em julgamento concluído no início da noite de ontem. Passados quase 27 anos, o Ministério Público do Estado do Rio (MP-RJ) considerou que faltam provas da participação dos cinco no crime e pediu a absolvição dos réus. Os jurados concordaram. O caso, que ficou conhecido como chacina da Nova Brasília, ocorreu em 18 de outubro de 1994 e chegou a ser arquivado porque o MP-RJ entendeu que as vítimas morreram em confrontos com policiais.
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