A conjuntura internacional é a grande responsável pelo alto preço da carne no Brasil, país que mais produz e exporta o produto, segundo o vice-presidente da Associação de Criadores de Guzerás do Brasil, Adriano Varela Galvão.
“O grande balanço da história foi o problema da peste suína na China, que provocou um rearranjo de consumo lá. Isso mudou o patamar mundial, com o consumo internacional forte e o dólar a R$ 5. A carne é uma commodity, então, ela teve um rearranjo de preço interno em função da demanda externa e do dólar”, disse Galvão, em entrevista ao CB.Agro, uma parceria do Correio Braziliense com a TV Brasília.
O pecuarista afirmou também que o aumento da produtividade ajudaria os produtores a manterem menores os preços da carne. De acordo com Adriano Galvão, o Distrito Federal é referência no assunto. “Brasília está se especializando muito em quebrar a curva das commodities. Se pegarmos a produção total, teremos um número pequeno, mas quando você mede produção por hectare, aí Brasília dá um banho”, observou.
A falta de espaço na unidade federativa levou os pecuaristas locais a se desenvolverem na área do cuidado com a fazenda. “O DF hoje tem um problema de produção pela pequena área que temos aqui. Com trabalhos como o nosso, de seleção de gado puro, temos um valor agregado. Acredito muito mais em um mercado de Brasília especializado em genética do que na produção de carne e de leite”, disse o pecuarista.
Adriano também afirmou que o grande desafio do criador de gado hoje é a necessidade de atuar também como um agricultor “Você precisa cuidar dos pastos, dividir, adubar para aumentar a taxa de lotação da fazenda. Assim, você consegue colocar mais animais por hectare e melhorar a produtividade.
Além do cuidado com o solo, é importante que o pecuarista moderno consiga maior produtividade por meio do cruzamento entre raças ideais. “O guzerá é uma saída para isso, pode ser usado no cruzamento com outra raça, o que resulta em bezerros mais pesados. Isso é o ideal, porque assim o animal chega ao ponto de abate mais cedo. A heterose entre raças é sem dúvida uma ferramenta indispensável para quem quer aumentar a produtividade.”
Adriano Galvão reconheceu que o uso irresponsável do solo por alguns produtores, como o desmatamento desregrado para a formação de pastos, leva a problemas com a falta de água. E frisou que o pecuarista que não faz o uso consciente da terra está prejudicando também a si mesmo. “Existem vários grupos, mas, sem dúvida, o consenso é de que hoje temos que melhorar a produção por hectare, e não mais ter mais hectare por fazenda. Sabemos que precisamos de água para produzir, então, temos que preservar as áreas de nascente, reservas e rios da fazenda. Quem não faz isso, está dando um tiro no pé a longo prazo.”
*Estagiário sob supervisão de Odail Figueiredo
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