Custo de vida

Pesquisa: oito de dez brasileiros acham energia elétrica muito cara

Estudo encomendado por Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia indica que maioria dos consumidores gostaria de escolher a empresa fornecedora de energia. Entidade defende a liberdade de concorrência no mercado

Um estudo da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel) mostrou que 8 entre 10 brasileiros acham o preço da energia elétrica caro ou muito caro. O estudo Opinião do Brasileiro sobre Setor Elétrico, de maio de 2021, tem a finalidade de descrever a percepção do consumidor sobre o cenário atual do setor elétrico e as perspectivas futuras. A pesquisa ouviu 2.081 pessoas, por telefone, em 130 municípios. 

Para 53% dos entrevistados, o alto custo da energia elétrica é decorrente da alta carga tributária; para 19%, o principal motivo dos preços elevados consiste na falta de concorrência no mercado ou na impossibilidade de se escolher a empresa fornecedora de energia; já 14% dos participantes creditam a situação à interferência do governo; e 10% acreditam que o desperdício é o ponto central do encarecimento da energia.

Além disso, segundo o levantamento, 81% dos brasileiros desejam poder escolher a empresa fornecedora de energia. Desde 2014, este é o maior percentual da série histórica da pesquisa realizada pela Abraceel. De cada 10 entrevistados, sete trocariam o atual fornecedor de energia elétrica caso a medida de livre escolha fosse implantada.

Fontes renováveis

Segundo o presidente executivo da Abraceel, Reginaldo Medeiros, o estudo revela outro ponto importante: 92% dos entrevistados gostariam de gerar energia elétrica em casa. “O número também surpreende entre os brasileiros que pagariam um preço maior para incentivar a geração de energia de fontes renováveis, com 46% dos entrevistados, ante 39% da pesquisa de 2020. Isso mostra claramente um aumento na preocupação com o meio ambiente”, destacou Medeiros.

Em relação à pandemia, a pesquisa informa que a conta de luz passou a pesar mais no orçamento familiar de 79% dos entrevistados, em função do maior tempo em casa e da redução da renda familiar; 74% afirmaram que têm economizado energia elétrica para reduzir o valor da conta.

Ao analisar os números, Reginaldo Medeiros ressalta a necessidade de discutir pontos importantes relativos à geração, distribuição e consumo de energia elétrica. “Neste atual momento, nós precisamos de uma melhor formação de preços, com ajustes na governança e aumento da credibilidade no processo; fim dos subsídios, com uma competição de bases iguais entre as fontes consumidoras; além de acelerar a nossa abertura, pois, sem mercado, não existe expansão”, afirmou o presidente da Abraceel.

Reginaldo Medeiros lembra que o PL 414/2021, que trata da abertura integral do mercado livre de energia, permanece aguardando votação na Câmara dos Deputados.

Fundada em 2000, a Abraceel defende o direito da livre escolha do fornecedor de energia elétrica, a chamada portabilidade da conta de luz, e de gás natural pelos consumidores. A entidade tem mais de 100 empresas associadas, que comercializam 85% do volume de energia elétrica do segmento. Considera a livre competição de mercado como instrumento de eficiência nas áreas de energia elétrica e gás natural.

* Estagiária sob supervisão de Carlos Alexandre de Souza